O líder parlamentar do PCP recusa que o partido esteja a dramatizar as negociações do Orçamento do Estado. Numa conversa gravada na sede do partido e transmitida nas redes sociais sobre o diploma, João Oliveira atirou para o Governo a responsabilidade de encontrar uma solução.
“Não tratamos coisas com a responsabilidade que tem a discussão de um Orçamento do Estado, em lógica de jogo de poker, de fazer fingimentos ou fazer alguma forma de jogo de bastidores dessa natureza”, começou por afirmar o líder parlamentar.
Os comunistas consideram que “é preciso uma resposta global aos problemas do país e que o Orçamento do Estado tem que integrar nessa resposta global um conjunto de medidas concretas, que apontem esse sinal de resposta e de intenção de resposta e concretização da resposta aos problemas do país”.
Ora, João Oliveira afirma que da parte do Governo, até agora, “não houve uma resposta que coincidisse com aquilo que é necessário” e, por isso, o partido determinou que a proposta de lei merece a sua oposição e o “voto contra, nesse quadro”.
“Naturalmente, a responsabilidade está do lado do Governo e esse é um elemento que ninguém pode retirar ao Governo. É o Governo que tem nas mãos os instrumentos para encontrar, na base das questões que nós colocamos, uma solução para os problemas do país”, frisou João Oliveira.
O dirigente comunista não poupa críticas aos ministros que têm levantado o fantasma das eleições legislativas antecipadas, defendendo que esta é a altura de se preocuparem em encontrar soluções.
“É lamentável termos que ouvir ministros que deviam estar concentrados nessa discussão e a encontrar essas soluções para esses problemas das suas próprias áreas de tutela a falarem em cenários eleitorais e em responsabilidades de cenários eleitorais”, disse o líder parlamentar que aconselha os ministros a olharem “antes para os problemas que têm debaixo da sua tutela e para as soluções que têm que encontrar, em vez de andarem a fazer especulações em torno de crises políticas e de cenários hipotéticos de eleições”.
Face aos anúncios de quinta-feira, por parte do primeiro-ministro sobre a agenda do trabalho digno, João Oliveira considera que, para já, não passam de intenções e que “ficou muito aquém daquilo que são as necessidades dos portugueses e, particularmente, as necessidades dos trabalhadores”.
Os comunistas continuam a reivindicar “o aumento dos salários, que tem hoje uma importância determinante, e é, de facto, uma emergência nacional”, mas também querem ver contempladas outras questões relacionadas com a legislação laboral como o subsídio de desemprego ou os abonos de família.
“Tudo isto tem que ser considerado numa lógica de valorização do trabalho e dos trabalhadores, como um eixo essencial para o desenvolvimento do nosso país”, defendeu João Oliveira.