O presidente do Chega, André Ventura, exigiu esta sexta-feira um aumento de salários e pensões face à subida da inflação e considerou “quase impossível” que “miraculosamente” este indicador se situe nos 4% no próximo ano.
Em declarações aos jornalistas, o dirigente do Chega insistiu que “as perspetivas de inflação [do Governo] até ao final deste ano eram excessivamente otimistas”.
“E hoje tivemos a confirmação de que o que se espera para o próximo mês é uma inflação recorde acima dos 10%, o que há décadas que não tínhamos em Portugal”, apontou o líder do Chega, considerando que “é o primeiro sinal de um mau trabalho feito pelo Governo” e alertando que “vai ter consequências aos vários níveis”.
André Ventura reagia, na Assembleia da República, aos dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) que indicam que a taxa de variação homóloga do Índice de Preços no Consumidor (IPC) terá aumentado para 10,2% em outubro, face aos 9,28% de setembro, atingindo o máximo desde maio de 1992.
Considerando que o ministro das Finanças “já tinha dito que se houvesse uma alteração muito significativa na inflação que o Governo voltaria a mexer na atualização das pensões”, André Ventura defendeu que “o país hoje exige que essa atualização seja feita, visto que o número previsto para o próximo mês é extraordinariamente elevado, e mais elevado do que o Governo tinha previsto”.
“Ou Governo faz uma nova atualização, quer de salários da função pública quer de pensões, ou então vamos ter perda de poder de compra ainda mais acentuada nestes dois segmentos, nos pensionistas e nos funcionários públicos”, assinalou.
O presidente do Chega considerou também que “é muito difícil acreditar que a inflação do próximo ano se vai estimar em 4 ponto qualquer coisa se a inflação de novembro e dezembro for perto dos 10%”, e antecipou que, “muito provavelmente, as estimativas vão ter de ser revistas também em relação à inflação do próximo ano”.
“É quase impossível do ponto de vista financeiro que tenhamos uma inflação de 9% ou 10% em novembro e dezembro e, miraculosamente, termos uma inflação de 4% ou 5% no próximo ano”, defendeu.
Falando numa “pandemia financeira”, André Ventura apelou ao Governo que “tome medidas rápido para garantir a sustentabilidade das contas públicas e o acesso ao financiamento internacional, aos mercados, com as reformas estruturais que são precisas" e para que "não haja uma perda de poder de compra ainda mais acentuada do que estava previsto".
Na proposta de Orçamento do Estado para o próximo ano, o Governo projeta que a inflação desacelere de 7,4% em 2022 para 4% em 2023.
De acordo com a estimativa rápida divulgada hoje pelo instituto estatístico, “tendo por base a informação já apurada, a taxa de variação homóloga do Índice de Preços no Consumidor (IPC) terá aumentado para 10,2% em outubro, taxa superior em 0,9 pontos percentuais (p.p.) à observada no mês anterior e a mais elevada desde maio de 1992”.
Quanto ao indicador de inflação subjacente (índice total excluindo produtos alimentares não transformados e energéticos) terá registado uma variação de 7,1% em outubro (6,9% no mês anterior), o registo mais elevado desde janeiro de 1994.
Em outubro face ao mês anterior, a variação do IPC terá sido de 1,3% (1,2% em setembro e 0,5% em outubro de 2021), estimando-se uma variação média nos últimos 12 meses de 6,7% (6,0% no mês anterior).
Os dados definitivos referentes ao IPC do mês de outubro de 2022 serão publicados pelo INE em 11 de novembro.