O antigo primeiro-ministro José Sócrates afirmou este sábado que os arrestos de bens de que foi alvo no âmbito da Operação Marqueês "não têm nenhum fundamento nem justificação".
"Os arrestos em causa não têm nenhum fundamento nem justificação", disse Sócrates em conferência de imprensa, em Lisboa, reagindo à notícia do jornal "Expresso" que indica que a equipa do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) decidiu avançar com o arresto de vários imóveis.
"Os prédios agora referidos nunca foram nem são minha propriedade como está amplamente provado no processo", afirmou José Sócrates.
O arresto, adianta o "Expresso", deu entrada na Conservatória na segunda-feira, 2 de Outubro, e engloba três apartamentos que foram vendidos entre 2011 e 2012 pela mãe de José Sócrates ao empresário Carlos Santos Silva, que está indiciado por corrupção e branqueamento de capitais,e ainda uma herdade em Montemor-o-Novo, no Alentejo.
Em resposta à Lusa, a Procuradoria-Geral da República (PGR) confirmou que o Ministério Público avançou com um arresto de bens imóveis no âmbito da Operação Marquês,mas não indicou quais os bens ou os visados desta acção judicial.
Segundo o "Expresso", a iniciativa do Ministério Público surge como forma de garantir que as Finanças possam receber o que for determinado pelo tribunal como perda a favor do Estado caso José Sócrates venha a ser condenado.
Na Operação Marquês, José Sócrates está indiciado por corrupção, fraude fiscal qualificada e branqueamento de capitais, num processo que investiga crimes económico-financeiros e que tem 25 arguidos: 19 pessoas e seis empresas, quatro das quais do Grupo Lena.
Entre os arguidos estão Armando Vara, ex-administrador da Caixa Geral de Depósitos e antigo ministro socialista, Carlos Santos Silva, empresário e amigo do ex-primeiro-ministro, Joaquim Barroca, empresário do grupo Lena, João Perna, antigo motorista de Sócrates, Paulo Lalanda de Castro, do grupo Octapharma, Henrique Granadeiro e Zeinal Bava, ex-administradores da PT, Ricardo Salgado, ex-presidente do BES, o advogado Gonçalo Trindade Ferreira e os empresários Diogo Gaspar Ferreira e Rui Mão de Ferro e o empresário luso-angolano Hélder Bataglia.