O Papa Francisco diz em declarações a um médico que escreveu um livro sobre a saúde dos Papas que não pretende regressar à Argentina e pretende "morrer em Roma”.
Nelson Castro, jornalista e médico argentino, publicará, brevemente, um livro sobre a saúde dos Papas e já divulgou alguns excertos.
O livro intitulado “A saúde dos Papas”, com o sub-título “medicina, complots e fé desde Leão XIII até Francisco”, inclui uma entrevista com o actual Papa, com excertos já divulgados pela imprensa argentina.
Em jeito de conversa descontraída, Nelson Castro aborda vários assuntos relacionados com a saúde de Jorge Mario Bergoglio, desde o grave problema que nlhe afetou um pulmão, a doenças que já teve na vesícula e coração. Destaque especial merece o diálogo sobre a morte:
- Pensa na morte?
- Sìm.
-Tem medo?
- Não, de jeito nenhum.
- Como imagina a sua morte?
- Como Papa, no ativo ou emérito. E aqui em Roma. Não volto à Argentina.”
“Ouvir Bach acalma-me”
Bergoglio também revela ao jornalista-médico os seus antigos medos relacionados com os tempos da ditadura na Argentina, quando era provincial dos Jesuítas e escondia pessoas perseguidas pelos militares, com sequelas de ansiedade que o obrigaram a recorrer ao apoio de uma psiquiatra.
O Papa diz que, ainda hoje, como Papa, sofre de “neurose ansiosa”, sobretudo “quando me encontro perante uma determinada situação ou tenho de enfrentar um certo problema”.
Francisco confessa que, sempre que esse risco acontece, “trava a fundo e tentar parar” e que um dos métodos que usa é “ouvir Bach”.
"Acalma-me e ajuda-me a analisar melhor os problemas”, explica.
Ao longo dos anos, o Papa tem aprendido a “pôr uma barreira à entrada da ansiedade no meu espírito”, pois “seria perigoso e prejudicial que eu tomasse decisões sob um estado de ansiedade”, ou tomar decisões dominado pela angústia e tristeza”.
Sobre os mais recentes problemas na coluna, que o obrigaram a suspender algumas celebrações, Francisco revela que "tem aperto no espaço inter-vertebral, entre a quarta e a quinta vértebras lombares e entre esta e o sacro”. E, a propósito da sua ciática, contou um episódio divertido ocorrido há oito anos, quando foi eleito.
"Durante o 'check-up' físico que me fizeram ao assumir o papado, tiraram-me radiografias a toda a coluna vertebral, que o médico do Vaticano levou para mostrar a um especialista de grande prestígio. Ao vê-las, ele disse: ‘Isto é muito sério. O doente precisa de um tratamento intensivo à base de kinesiologia, reabilitação da postura e ginástica. Entendo que estamos a falar de uma pessoa que se encontra em cadeira de rodas’.