A presidente do CDS-PP anunciou hoje um pedido na comissão permanente do parlamento para esclarecimentos do Governo sobre as viagens de membros do executivo pagas pela Galp, acusando o primeiro-ministro socialista de se esconder.
"O CDS pensa que a atitude do primeiro-ministro, até agora, é inadmissível. Não se pode esconder, não dizendo nada, o que significa que se tornou conivente com esta situação. Ficámos a saber que o primeiro-ministro acha que tudo se resolve devolvendo o dinheiro", afirmou Assunção Cristas, nos passos perdidos da Assembleia da República.
A líder centrista garantiu não existirem deputados democratas-cristãos envolvidos e que a própria nunca recebeu convites semelhantes enquanto ministra da Agricultura, criticando a iniciativa do executivo de criar um código de conduta para membros do Governo e altos funcionários do Estado porque o próprio PS já tem em marcha na Assembleia da República um diploma visando a transparência nos cargos públicos, além do código vigente para funcionários do Fisco.
"Para o CDS, o tema das viagens da Galp não está resolvido, não é um assunto encerrado. Entendemos que é um assunto grave, escandaloso. Quando o Governo vem dizer que tudo se resolve com a devolução do dinheiro está a passar um atestado de menoridade a todos e cada um dos portugueses", frisou, reiterando a necessidade da demissão daqueles governantes.
O ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, que lidera o elenco socialista nas férias do primeiro-ministro, considerou na quinta-feira que o caso "fica encerrado" com o reembolso das despesas efectuadas àquele patrocinador oficial da selecção portuguesa de futebol.
Os secretários de Estado em causa são dos Assuntos Fiscais, Fernando Rocha Andrade, da Indústria, João Vasconcelos, e da Internacionalização, Jorge Costa Oliveira, que assistiram a jogos da "equipa das quinas" no Europeu França2016 a convite da petrolífera portuguesa.
"Se a conduta é reprovável tem de ter consequências políticas, que só podem ser a demissão dos governantes em causa. Se não é reprovável, o Governo que o assuma e explique porque não entende que é reprovável", continuou Assunção Cristas.
A deputada do CDS-PP ironizou ainda sobre os partidos que apoiam no parlamento os socialistas, afirmando que "aquilo que certamente os amigos do Governo, PCP e BE, diriam noutras circunstâncias é que este Governo é muito forte com os fracos e muito fraco com os fortes".
"Ao mesmo tempo que vemos esta proximidade com uma empresa que tem um contencioso de 100 milhões de euros com o Fisco, vemos anúncios de que os fiscais vão estar nas praias atrás de vendedores de bola de Berlim e gelados. Vemos muitas famílias à espera do reembolso do IRS que continua a não chegar às contas bancárias e o mesmo secretário de Estado anunciar que vai aumentar um imposto que atinge toda a classe média, o IMI", condenou.
Na véspera, o Ministro dos Negócios Estrangeiros declarou que os secretários de Estado visados "têm todas as condições" para permanecer nos cargos, acrescentando ter-se tratado de "uma iniciativa de mobilização de apoio público à selecção nacional de futebol no Europeu de 2016", "que não é primeira vez que se sucede".