O primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, confirmou hoje a sua demissão e a de todos os ministros do executivo, na sequência de um escândalo relacionado com abonos de família e a acusação indevida de milhares de pessoas de fraude.
"O Estado de Direito deve proteger os seus cidadãos de um Governo todo-poderoso. Isso falhou de forma horrível", declarou Rutte durante uma conferência de imprensa, na qual confirmou ter apresentado a sua demissão ao rei dos Países Baixos, Guilherme Alexandre.
Momentos antes deste anúncio de Mark Rutte (no poder desde 2010), os 'media' holandeses já tinham avançado que com o primeiro-ministro holandês ia avançar com a demissão do Governo de coligação de centro-direita, que acontece a cerca de dois meses das eleições legislativas, previstas para 17 de março.
Esta decisão surge após a divulgação de um caso que envolve os serviços tributários holandeses e a acusação indevida de milhares de famílias de fraude em relação a atribuição de abonos para crianças e jovens.
O caso veio a público através de um relatório de uma comissão de inquérito parlamentar divulgado em dezembro.
De acordo com o documento, entre 2013 e 2019, pelo menos, os serviços fiscais holandeses terão acusado erradamente milhares de pais de fraude em relação a atribuição de apoios, tendo cancelado os respetivos abonos e exigido às famílias, muitas delas com graves problemas financeiros, a devolução (com retroativos de vários anos) dos subsídios.
Na sequência deste caso, o líder do Partido Trabalhista holandês (PvdA), Lodewijk Asscher, que foi ministro dos Assuntos Sociais e do Trabalho durante o período em questão, anunciou na quinta-feira a sua demissão.