O Papa Francisco telefonou esta quinta-feira ao Presidente-eleito dos EUA para lhe oferecer a sua "bênção e parabéns", tentando reconstruir os canais com Washington depois de quatro anos de relações algo contenciosas com a administração de Donald Trump.
A conversa entre o Papa e o democrata foi anunciada pela equipa de transição de Biden, o segundo único católico apostólico romano a ser eleito Presidente dos EUA. A sua tomada de posse está marcada para 20 de janeiro. Trump continua sem conceder a derrota e a contestar judicialmente os resultados eleitorais em alguns estados.
Desde 2016, o papado de Francisco entrou em rota de colisão com Trump numa série de temas, incluindo as alterações climáticas, a China, Cuba e a imigração.
"O Presidente-eleito agradeceu a Sua Santidade a sua bênção e parabéns e manifestou o seu apreço pela liderança de Sua Santidade na promoção da paz, reconciliação e laços comuns da humanidade em todo o mundo", adiantou a equipa de transição de Biden em comunicado.
"[Biden] expressou o seu desejo de trabalhar em conjunto [com o Vaticano] na base de uma crença partilhada na dignidade e igualdade de toda a humanidade em tópicos como cuidar dos marginalizados e pobres, responder à crise das alterações climáticas e acolher e integrar imigrantes e refugiados nas nossas comunidades."
Em fevereiro de 2016, quando o republicano Trump ainda era candidato à presidência contra a democrata Hillary Clinton, o Papa Francisco criticou a sua promessa de construir um muro ao longo da fronteira dos EUA com o México, dizendo que um homem que quer construir muros "não é cristão".
Após Trump ter sido eleito em novembro desse ano, Francisco criticou publicamente a sua decisão de retirar os EUA do Acordo do Clima de Paris, que tem como objetivo limitar os níveis de aquecimento global do planeta, bem como a política de separação de famílias de migrantes que entram nos EUA clandestinamente.
Numa entrevista à Reuters em 2018, o Papa expressou tristeza face à decisão de Trump de anular um acordo que o Vaticano ajudou a administração Obama a alcançar para encorajar as trocas comerciais e viagens entre Cuba e os EUA.
Biden, que vai à missa todos os domingos, será o primeiro Presidente norte-americano católico desde John F. Kennedy nos anos 1960.
Os norte-americanos católicos mais conservadores, muitos dos quais votaram Trump, têm defendido que os padres não devem dar comunhão a Biden por causa da sua postura quanto ao aborto.