O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, felicitou, este domingo, o cardeal e poeta madeirense D. José Tolentino Mendonça pela sua distinção com o Prémio Europeu Helena Vaz da Silva para a Divulgação do Património Cultural.
"Como bem sabemos, e ainda há dias comprovámos, os seus poemas, ensaios, crónicas e intervenções públicas constituem um notável testemunho de sabedoria, tolerância e compaixão, virtudes urgentes nos dias de hoje", escreve o chefe de Estado, numa mensagem publicada no site oficial da Presidência da República.
Marcelo Rebelo de Sousa elogia também o modo como D. José Tolentino Mendonça "tem exercido funções na universidade, na Igreja ou no Arquivo Apostólico do Vaticano", considerando que tem promovido "o diálogo entre a cultura ancestral e a modernidade, entre o património e a inquietação, entre a subjetividade e a atenção ao outro".
D. Tolentino Mendonça foi a personalidade escolhida pelo Presidente da República para presidir às comemorações deste ano do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, que estavam previstas para a Madeira e a África do Sul, mas foram canceladas devido à pandemia de covid-19 e substituídas por uma cerimónia em Lisboa.
A atribuição da edição de 2020 do Prémio Europeu Helena Vaz da Silva a D. José Tolentino Mendonça foi conhecida no sábado, três dias depois do seu discurso no 10 de Junho, no Mosteiro dos Jerónimos, em que defendeu que é preciso "reforçar o pacto comunitário" e "relançar a aliança intergeracional", rejeitando a ideia de "arrumar a sociedade em faixas etárias" e declarando que "a vida é um valor sem variações".
O Presidente da República, que interveio em seguida, elogiou as suas palavras de "afirmação da vida e da saúde", a recordar que "todas as vidas contam".
"Bem precisávamos de um homem do humanismo e, portanto, da cultura, de um pensador, de um escritor, de um poeta para nos falar da importância dos outros e da sua redescoberta, a começar nas famílias, nas vizinhanças, nas amizades, da atenção aos mais pobres, vulneráveis e dependentes, do pacto entre gerações, tentando ultrapassar o abismo já cavado entre os mais e os menos jovens", considerou.
"Todas as vidas contam, todas as vidas importam"
O Presidente da República enalteceu também outras mensagens do discurso de D. José Tolentino Mendonça: "Do respeito efetivo pela natureza, da humildade na aceitação dos nossos limites, da primazia na afirmação da vida e da saúde, e nos recordar que o humano é universal e que todas as vidas contam, todas as vidas importam".
"O 10 de Junho de 2020 fica a dever-lhe o lembrar-nos o que mudou ou está a mudar na nossa vida nestes tempos ingratos e decisivos", acrescentou o chefe de Estado.
Os membros do júri do Prémio Europeu Helena Vaz da Silva para a Divulgação do Património Cultural declararam-se "impressionados com a capacidade que Tolentino Mendonça demonstra ao divulgar a beleza e a poesia como parte do património cultural intangível da Europa e do mundo".
D. Tolentino Mendonça, poeta, teólogo, sacerdote e professor universitário, nascido em 1965 na ilha da Madeira, reagiu à notícia manifestando-se "muito honrado por esta atribuição", disse que ainda mais o responsabiliza e que acredita "será vivida com alegria pela Biblioteca e o Arquivo Apostólicos do Vaticano", onde trabalha, "e que constituem um extraordinário exemplo do património cultural que a Europa construiu e constrói".
A cerimónia de atribuição do prémio terá lugar no outono, em data a anunciar, na Fundação Calouste Gulbenkian.
Este prémio, que recorda a jornalista portuguesa Helena Vaz da Silva e a sua contribuição para a divulgação do património cultural e dos ideais europeus, foi instituído em 2013 pelo Centro Nacional de Cultura (CNC) em cooperação com a organização Europa Nostra e com o Clube Português de Imprensa.