A situação verificada no passado sábado que impediu passageiros de viajar para a Madeira resultou de uma interpretação "absurda" e "demasiado restritiva da lei", que não se vai repetir, garantiu esta segunda-feira o presidente do Governo Regional.
"Isso foi resolvido, houve uma interpretação completamente absurda por parte de umas autoridades, penso que foi a Polícia de Segurança Pública [PSP], mas isso depois foi esclarecido, foi dissipado, não tinha nada a ver", declarou Miguel Albuquerque aos jornalistas, à margem da cerimónia das comemorações dos 492 anos da Santa Casa da Misericórdia de Machico.
No sábado, alguns passageiros que pretendiam viajar para a Madeira foram impedidos de embarcar num voo da TAP com partida do Aeroporto de Lisboa por não terem um teste PCR negativo à Covid-19.
Na origem deste caso estiveram as regras determinadas pelo Governo da República para a Área Metropolitana de Lisboa (AML), aos fins de semana, devido ao aumento de casos de Covid-19 na região.
A resolução do Conselho de Ministro estipulou ser apenas possível sair da AML com a apresentação de um teste negativo ao novo coronavírus ou com um certificado digital.
No domingo, o secretário do Turismo e Cultura da Madeira declarou à Lusa que o Governo Regional da Madeira atuou de imediato ao ter conhecimento desta situação, no sentido de esclarecer que, "quando os passageiros pretendem circular entre Lisboa e esta região autónoma não ficavam naturalmente sujeitos às regras que foram impostas" para essa parte do território nacional.
"Estamos a falar de uma deslocação para uma região autónoma que tem um sistema próprio de controlo e rastreio da pandemia", referiu Eduardo Jesus.
O presidente do executivo madeirense corroborou estas diligências. "Neste momento, está dissipado [o problema]", disse, considerando que houve "uma interpretação demasiado restritiva da lei que não se aplicava à Madeira" e assegurou que "não se vai repetir".
O chefe do Governo Regional também censurou os "comportamentos irresponsáveis" de pessoas que se concentraram no passado fim de semana na Zona Velha da Cidade do Funchal que levaram à intervenção da PSP.
Miguel Albuquerque salientou que "os empresários estão a cumprir" as regras impostas, "mas a malta nova toma mais dois ou três copos e o mundo fica mais alegre e o contacto mais estreito".
"Temos de evitar problemas", sublinhou, recordando que "podia ter surgido uma situação perigosa, como já aconteceu no continente, onde foram criados surtos devido a estas situações".
O governante insular vincou que, neste momento, a Madeira tem "a situação contida, apesar desta variante Delta" e defendeu ser "preciso muito cuidado", alertando: "Não podemos abusar, nem termos comportamentos irresponsáveis".
Instado a falar sobre sete casos que foram detetados no Porto Santo, argumentou que, "com a abertura" registada da Madeira ao exterior e "a variante Delta a crescer de forma exponencial no país", a estimativa das autoridades regionais de saúde era que "o número de casos fosse maior do que é atualmente".
"A situação está controlada de certa maneira, mas pode acontecer haver um aumento de casos. Mas, seja como for, as cadeias de transmissão estão contidas neste momento", assegurou.
A Madeira reportou, esta segunda-feira, nove novos casos de Covid-19, mais 14 doentes recuperados e um total de 75 situações ativas. As unidades dedicadas à doença criadas no Hospital Dr. Nélio Mendonça, no Funchal, permanecem sem doentes internados há alguns dias.