O líder do PSD, Rui Rio, defende uma transição mais suave entre a idade ativa e a situação de forma. E, para isso, propõe que, a partir de uma determinada idade, os trabalhadores passem a redução progressiva do horário de trabalho. A proposta foi deixada pelo líder social-democrata no encerramento da Universidade de Verão da JSD, onde defendeu que é preciso “coragem” para ir contra a corrente e fazer diferente e garantir futuro às próximas gerações.
“Temos de encontrar uma reforma da Segurança Social que garanta a sustentabilidade”, afirmou Rui Rio, defendendo um “compromisso alargado” na próxima legislatura para uma verdadeira reforma da segurança social. O líder do PSD afirmou que o Governo não diz a verdade quando garante a sustentabilidade do sistema e considera essencial uma reforma para a qual está disponível para contribuir.
A única proposta concreta que avançou para essa reforma neste discurso foi uma “transição mais suave da idade ativa para a reforma”. Essa transição poderá começar aos 60, 61 ou 62 anos, com uma redução do horário de trabalho. Rio disse que prefere não falar já numa idade definida para que seja possível estudar e discutir quais as melhores soluções e a sua sustentabilidade.
O “fundamental” é a esperança
A segurança social foi uma das quatro áreas escolhidas por Rui Rio para falar do que considera “fundamental” que é dar esperança. “O que é fundamental é que possamos transmitir esperança ao povo e essa esperança desperte uma ambição comedida – não desmedida – que é motor que faz avançar o país”, disse quase no início do discurso de 45 minutos.
A primeira área de que falou foi a descentralização, voltando a prometer uma “guerra” como tinha feito no sábado na Festa do Pontal. “A esperança de um jovem que viva no interior está nos mínimos”, afirmou o líder do PSD, defendendo que é preciso “coragem” para desviar verbas de investimento das grandes áreas metropolitanas para o interior do país.
“É preciso coragem e coragem implica desapego ao poder. Essa coragem e esse desapego é coisa que não me falta. Talvez até tenha em excesso”, continuou Rio, acrescentando que os eleitores devem olhar para quem está a falar e questionar-se “este faz ou não faz”, pois “palavras leva-os o vento”.
A segunda área foi o ambiente, com Rui Rio a prometer “coragem de ir contra aquilo que é a onda”, o que implica dizer “não” sobretudo na industria, mas também na agricultura. “Temos de sacrificar muitas vezes o crescimento ao desenvolvimento”, defendeu o presidente do PSD, para quem é importante em cada medida tomada medir o impacto para as gerações futuras.
Governo, “mestre na propaganda”
Seguiu-se a segurança social e depois a economia, com Rui Rio a voltar a explicar as prioridades macroeconómicas do programa eleitoral, nomeadamente a utilização da margem que o crescimento económico permitir . “Dessa margem vamos usar 24 por cento para redução de impostos, 23 por cento em investimento público, 45 por cento no aumento na despesa corrente e sete por cento para redução do défice que se vai tornar um ligeiro excedente orçamental”, enumerou Rui Rio.
O líder do PSD acusou o atual Governo de não ter reduzido a divida público e partiu para o ataque aos socialistas. “O Governo é acima de tudo mestre na propaganda. Este Governo governa para a sua própria imagem, para um presente alargado. Por não governar para o futuro, este Governo não traz esperança”, afirmou. E acrescentou que nunca tinha visto tamanha capacidade de propaganda.
Consigo, prometeu, no PSD “não haverá circo, não haverá espetáculo, não haverá dramatização”, como considera que os socialistas fizeram sobretudo na questão da contagem de tempo dos professores e na recente greve dos camionistas.