A TAP obteve um lucro de 65,6 milhões de euros em 2022, informou esta terça-feira a companhia que regressou aos resultados positivos após prejuízos de 1.600 milhões em 2021 e antes do previsto no plano de reestruturação.
"A TAP encerrou o ano de 2022 com um lucro líquido de 65,6 milhões de euros, um aumento de 1.664,7 milhões de euros em relação ao ano anterior", informou a transportadora aérea, em comunicado.
O plano de reestruturação da TAP, aprovado pela Comissão Europeia no final de 2021, previa que a companhia aérea começasse a dar lucro em 2025 e que obtivesse um resultado operacional positivo em 2023, algo que a empresa atingiu no primeiro semestre de 2022.
O Explicador Renascença analisa em maior detalhe o significado destes números para a companhia aérea.
Há quanto tempo é que a TAP não tinha resultados tão positivos?
Este é o melhor resultado da TAP desde 2017 - o ano em que o Estado voltou a comprar a empresa e o último em a TAP tinha registado lucros.
Na altura, foram 100 milhões de euros de lucro. Desde então, e até ao ano passado, foi sempre a acumular prejuizos.
No total, em quatro anos foram mais de três mil mlhões de euros de prejuizos, sobretudo devido à crise no setor aéreo motivado pela pandemia, mas não só, porque já em 2018 e 2019, mesmo com o Turismo em alta, a TAP somou mais de 100 milhões por ano em prejuízos.
Qual foi a dimensão dos lucros?
O resultado líquido foi de cerca de 66 milhões de euros (65,6 milhões), o que significa que a TAP registou lucros três anos antes do previsto no plano de reestruturação.
Sendo que, ao todo, as receitas atingiram um novo recorde, de quase três mil e quinhentos milhões de euros e um lucro operacional (que é basicamente o lucro sem contabilizar os juros de dividas e os impostos) de 268 milhões, que é também um máximo histórico para a empresa.
E, apesar de serem muitos números, há outro indicador muito favorável: Só nos últimos três meses de 2022, a TAP teve um resultado liquido de 156 milhões.
É o melhor resultado trimestral de sempre na companhia aérea. Portanto, é uma espécie de luva branca para a despedida da presidente executiva Christine Ourmières-Widener.
E o que é que explica estes bons resultados?
A maior fatia das receitas foi proveniente dos passageiros.
Trata-se de uma melhoria de quase 200%. Subiram, ainda assim, o número de viajantes transportados pela TAP em 2022. Trataram-se de 13 milhões e oitocentos mil.
Ficou aquém do de 2019, que foi de 17 milhões de passageiros.
A TAP poderá começar a devolver o dinheiro que o Estado injetou?
Não parece provável.
Primeiro, porque o que o Estado meteu na TAP foram três mil e duzento mihões de euros.
Ao pé disso, estes 66 milhões de lucro são uma gota de água.
Para além disso, o Governo - na altura através de Pedro Nuno Santos - disse que o dinheiro não ia ser devolvido, ao contrário do que aconteceu noutros países.
Em Portugal, dispensamos esforços para recuperar o que foi injetado na TAP.
Estes resultados podem pelo menos melhorar a imagem da empresa junto de potenciais investidores?
Sim, podem.
Já que o Governo, que renacionalizou a empresa, mudou, entretanto, de ideias e agora quer revendê-la.
É possível que os lucros divulgados esta terça-feira ajudem a atrair interessados, mas já estão também a atrair reivindicações dos trabalhadores, porque os sindicados já vieram dizer que se há lucros é para os trabalhadores e que os cortes salariais devem por isso ser revertidos.