O Papa Francisco defendeu este domingo, no terceiro e último dia da visita à Hungria, que “somos todos chamados a cultivar relações de fraternidade e colaboração, sem nos dividirmos”. Na homília da missa a que presidiu, na Praça Kossuth Lajos, em Budapeste, Francisco pediu aos fiéis que sejam “portas abertas”, estejam “abertos e inclusivos uns para com os outros, para ajudar a Hungria a crescer na fraternidade” e deixem “entrar no coração o Senhor da vida”.
“Ele é o nosso futuro (…). Por isso, nunca desanimemos, nunca deixemos roubar a alegria e a paz que Ele nos deu, não nos fechemos nos problemas ou na apatia”, disse, junto ao emblemático edifício neogótico do parlamento, situado nas margens do rio Danúbio.
Perante cerca de 80 mil pessoas, e na presença do primeiro-ministro Viktor Orban, o Papa frisou que “viver em saída significa tornar-se, como Jesus, uma porta aberta” e alertou para as situações em que isso não acontece.
“É triste e custa ver portas fechadas: as portas fechadas do nosso egoísmo em relação a quem caminha diariamente ao nosso lado”, disse. “As portas fechadas do nosso individualismo numa sociedade que corre o risco de se atrofiar na solidão; as portas fechadas da nossa indiferença em relação a quem está no sofrimento e na pobreza; as portas fechadas a quem é estrangeiro, diferente, migrante, pobre. E até as portas fechadas das nossas comunidades eclesiais: fechadas entre nós, fechadas para o mundo, fechadas para quem «não está dentro das normas», fechadas para quem aspira pelo perdão de Deus.”
Neste domingo do Bom Pastor, o papa argentino dirigiu-se também aos bispos e sacerdotes. “O pastor – diz Jesus – não é um salteador nem um ladrão; isto é, não se aproveita da sua função, não oprime o rebanho que lhe está confiado, não «rouba» o espaço aos irmãos leigos, não exerce uma autoridade rígida”, alertou, encorajando os clérigos a serem “portas sempre mais abertas: «facilitadores» da graça de Deus, peritos de proximidade, dispostos a oferecer a vida”.
Aos presentes, Francisco sublinhou ainda que “hoje, em cada situação da vida” Jesus chama. “Chama-nos pelo nome, para nos dizer o quanto somos preciosos a seus olhos, para curar as nossas feridas e tomar sobre Si as nossas fraquezas, para nos recolher em unidade no seu rebanho e tornar-nos familiares com o Pai e entre nós.”
Oração pela guerra na Ucrânia
No fim da celebração, na oração do Regina Coeli, o Papa, voltando-se para a imagem de Nossa Senhora, rezou pelos húngaros, pelo “futuro de todo o Continente Europeu”, “e de modo particular pela causa da paz”. “Olhai sobretudo para o vizinho povo ucraniano martirizado e para o povo russo, a Vós consagrados. Vós sois a Rainha da paz, infundi nos corações dos homens e dos líderes das nações o desejo de construir a paz, de dar às jovens gerações um futuro de esperança, não de guerra; um futuro cheio de berços, não de túmulos; um mundo de irmãos, não de muros.”
Referindo-se à existência de diferentes confissões e religiões na Hungria, Francisco considerou ainda que “é belo que as fronteiras não representem confins que separam, mas áreas de contacto; e que os crentes em Cristo ponham em primeiro lugar a caridade que une e não as diferenças históricas, culturais e religiosas que dividem”.
Este domingo, antes de regressar a Roma, o Papa vai ainda encontrar-se com diversos membros do mundo universitário e da cultura, na Faculdade de Informática e Ciências Biónicas da Universidade Católica.