Um acordo do Partido Socialista (PS) com o Bloco de Esquerda, na sequência da vitória dos socialistas sem maioria absoluta nas legislativas de domingo, "significaria uma paralisia nas reformas em setores como a Saúde e a Educação", defende Francisco Assis nesta edição do programa "Casa Comum" da Renascença.
"Preferia que não fosse uma solução PS com Bloco de Esquerda", sublinha o socialista, que no arranque da última legislatura se opôs à formação da chamada "geringonça".
Sobre a abstenção recorde registada nestas eleições, Paulo Rangel fala num número "preocupante" e alinha com Assis na proposta de se "refletir rapidamente para alterar o sistema" e encontrar uma forma de "aproximar os cidadãos dos políticos".
PSD em crise: Rio sai?
Questionado sobre a atual situação no PSD, no rescaldo dos resultados eleitorais de domingo, Rangel diz que não vê "urgência" em se substituir Rui Rio, sublinhando que "o resultado é aceitável para um partido na oposição".
"Toda a gente tem legitimidade para propor uma visão alternativa, mas devemos esperar algum tempo, o tempo de reflexão que Rio pediu", diz o social-democrata. Sobre uma sua possível candidatura à sucessão na liderança do PSD, Rangel vai direto ao assunto: "Não há festança sem a d. Constança [citação histórica de António Vitorino]. Não vale a pena entrar na especulação do meu nome."
Para o eurodeputado, "o PSD deve agora articular com o CDS e a Iniciativa Liberal um programa alternativo para o país", num processo em que o principal partido da oposição "deve ser o motor desse entendimento".
Sobre a candidatura de Luís Montenegro à liderança do PSD, que será formalizada esta quarta-feira à noite numa entrevista à SIC, Assis diz que tal significará "mais clivagem entre o PS e o PSD". Na sua opinião, "o que acontecer no PSD vai ter reflexos na estabilidade política em Portugal".
Brexit: posições extremadas
Há sinais de desagregações no Governo de Boris Johnson e cada vez mais pressão por parte de Bruxelas. A questão, nesta altura, é saber se assistimos a uma saída já não desordenada, mas selvagem. Paulo Rangel acha que "a imprevisiblidade é grande" e que "é muito dificil relançar o acordo (acho até que se pode dar como irremediavelmente perdido)". Segundo o eurodeputado social-democrata, resta saber se Johnson vai pedir alguma extensão para saída. E, se houver extensão, se vai nomear algum comissário - e que comissário (falava-se de Nigel Farage) - e, se não pedir, se vai haver algum processo para o demitir e substituir por um Governo transitório, "sendo que isto culmina tudo em eleições talvez em Dezembro e as sondagens mostram que Boris Johnson ganharia". No entanto, Rangel mostra que, mesmo no interior do Partido Conservador, Johnson não é consensual.
Para Francisco Assis, há motivo para angústias. "Não havendo acordo, haverá consequências muito negativas. Dramáticas no caso dos britânicos, mas também negativas para o resto da Europa, portugal incluído". Assis olha, no entanto, para a ralidade política britânica para lembrar que, "apesar de todas as divisões internas entre os conservadores, as sondagens mostram que Jpohnson venceria com 15% de vantagem sobre os trabalhistas, o que demonstra a incapacidade do maior partido da oposição de construir uma alternativa séria". A mudança, segundo Assis, só pode passar pela substituição de Corbyn, algo que, a acontecer, será na sequência de novas eleições.
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