O Papa reiterou esta sexta-feira, no Bahrain, que “Deus é Fonte de paz” e que “o Deus da paz nunca conduz à guerra, nunca incita ao ódio, nunca apoia a violência”.
Dirigindo-se ao Conselho Muçulmano dos Anciãos, Francisco pediu a Deus que “nos conceda ser, por todo o lado, canais da sua paz”. Porque “nós, que cremos n’Ele, somos chamados a promover a paz através de instrumentos de paz, como o encontro, pacientes negociações e o diálogo, que é o oxigénio da convivência comum”.
No encontro que teve com o Grande Imã de Al-Azhar, Ahmad Al-Tayeb e com os anciãos, na Mesquita do Palácio Real Shakir, Francisco não esqueceu as divisões no seio do próprio Islão, entre sunitas e xiitas.
Francisco começou por invocar a paz para cada um dos presentes que pretenda “promover a reconciliação para evitar divisões e conflitos nas comunidades muçulmanas”.
O Papa pediu também ao Altíssimo que conceda a paz a todos os veem no extremismo “um perigo que corrói a verdadeira religião” e aos que se empenham em “dissipar interpretações erróneas que, através da violência, desvirtuam, instrumentalizam e danificam um credo religioso.”
Francisco citou um primo e discípulo do profeta Maomé para expressar o seu desejo em reforçar as ocasiões de encontro e mútua estima. O objetivo é preferir a realidade às ideias e um futuro de fraternidade ao passado de hostilidade, superando assim os preconceitos e as incompreensões da história.
“Deixemo-nos guiar por este dito do Imã Ali – ‘as pessoas são de dois tipos: ou teus irmãos na fé ou teus semelhantes na humanidade’ – e sintamo-nos chamados a cuidar de todos aqueles que o desígnio divino colocou ao nosso lado no mundo.”
Ali ibne Abi Talibe foi o quarto califa ou sucessor de Maomé, segundo os muçulmanos sunitas, e o primeiro califa segundo os muçulmanos xiitas. Nascido em Meca, o seu pai, Abu Talibe, era tio do Profeta. Ali foi adoptado e educado por Maomé, passando cerca de 30 anos ao cuidado do profeta.
A propósito das divisões no seio do Islão, o Grande Imã de Al Azhar Muhamed Al-Tayeb também apelou esta manhã a um “diálogo sério a favor da unidade no Islão”, propondo “coração aberto e mãos estendida aos nossos irmãos xiitas”.
“Os nossos meios são essencialmente dois: a oração e a fraternidade. Estas são as nossas armas, humildes e eficazes”, disse Francisco.
"Não devemos deixar-nos tentar por outros instrumentos, por atalhos indignos do Altíssimo, cujo nome de Paz é insultado por quantos crêem nas razões da força, alimentam a violência, a guerra e o mercado das armas, ‘o comércio da morte’ que, através de somas astronómicas de dinheiro, está a transformar a nossa casa comum num grande arsenal.”
E porque o exemplo dos líderes religiosos é fundamental, “nós, que descendemos de Abraão, pai na fé dos povos, não podemos ter a peito somente «os nossos», mas devemos dirigir-nos, cada vez mais unidos, a toda a comunidade humana que habita na terra”, concluiu.