A pouco mais de um mês do início das aulas ainda não estão resolvidos todos os problemas para que o próximo ano letivo decorra com normalidade. A denuncia é da Federação Nacional de Educação (FNE).
À Renascença, o secretário-geral da FNE, que vai estar reunida com o ministério deste setor, diz que a falta de professores pode ser um cenário repetido no próximo ano.
“Os problemas que nós identificamos nos anos letivos anteriores não tiveram nenhuma solução que evitasse que no próximo ano eles se repetissem”, diz João Dias da Silva.
Por isso, a FNE mostra-se receosa no que concerne à garantia de que haverá professores para todos os alunos desde o primeiro dia de aulas.
“Temos muito receio também relativamente àquilo que é a distribuição do serviço aos professores, para que não haja excesso de trabalho e, sobretudo, que não se tenha feito ainda a eliminação daquilo que são plataformas inúteis, repetitivas e que retira aos professores o essencial do seu trabalho, que é o trabalho com os seus alunos”, destaca.
O secretário-geral da FNE queixa-se também da muita burocracia, do trabalho que os professores têm de fazer e das muitas justificações que só mostram que o ministério não tem confiança nos professores.
“Muitas vezes isso tem a ver com o nível de desconfiança que há em relação ao trabalho que é desenvolvido pelas pessoas, pelos professores”, atira.
Para que os professores possam realizar alguma tarefa ou atividade eles têm de a justificar antecipadamente, depois têm que apresentar um relatório daquilo que fizeram. Têm de demonstrar as evidências daquilo que fizeram. Não basta ter realizado a atividade”, acrescenta.
Segundo o dirigente, “é preciso sempre criar um conjunto de burocracia, de papéis, de justificações, de relatórios associados a cada atividade, a cada ação, a cada decisão, que só significam que se desconfia. E isto parece-nos que representa no trabalho dos professores um conjunto enorme de inutilidades”.
De acordo com João Dias da Silva, na reunião agendada para logo à tarde vai ser definido um calendário de negociações entre a FNE e o Governo sobre a atratividade da profissão docente e a progressão na carreira.
Já a Federação Nacional dos Professores (FENPROF), que vai reunir também com o Ministro da Educação, vai propor ao ministério a celebração de um protocolo negocial já em setembro.
Quer que fiquem definidas medidas que garantam a atratividade à profissão e uma resposta consistente à falta de professores nas escolas e acusa o Governo de tomar medidas avulsas de curto alcance.
O Governo decidiu no mês passado que os professores com horários incompletos vão ter os contratos renovados no próximo ano letivo e as escolas nas regiões mais afetadas pela falta de docentes, podem completar os horários a concurso nas disciplinas com maior carência.
A Fenprof vai ter um "contador de alunos sem professor" no próximo ano letivo, que estima que voltará a ser problemático, até porque 2022 deverá ser o segundo ano com mais docentes aposentados. Segundo Mário Nogueira, durante este ano civil deverão reformar-se "mais de três mil docentes".