O Presidente da República recusou este sábado comentar a ideia defendida por Durão Barroso de que faz falta um "pulmão direito" em Portugal, destacando antes as medidas do Governo para fazer face aos juros.
Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, essa ação do Governo "dá - aí sim - um pulmão, dois pulmões" até, pelos seus efeitos económicos e também políticos.
O chefe de Estado, que falava aos jornalistas em Toronto, durante a sua visita oficial ao Canadá, não quis fazer qualquer comentário sobre o lançamento do livro do anterior Presidente da República Cavaco Silva "O Primeiro-Ministro e a Arte de Governar", apresentado na sexta-feira em Lisboa pelo antigo primeiro-ministro Durão Barroso -- dois ex-presidentes do PSD, como Marcelo Rebelo de Sousa.
"Não li e sabem que eu, por princípio, não comento. Não vou comentar antigos presidentes da República e futuros presidentes da República", respondeu Marcelo Rebelo de Sousa, considerando que a sua orientação nesta matéria "é muito pacífica e muito civilizada" e segue "um bocadinho a tradição americana".
Interrogado em concreto sobre a ideia defendida por Durão Barroso de que "o país está demasiado desequilibrado à esquerda" e de que faz falta um "pulmão de direita" no espaço público em Portugal, o chefe de Estado declarou: "Não comento. Mais depressa vos digo uma coisa, que é: tenho acompanhado com interesse, e com interesse positivo, aquilo que está a ser estudado de medidas para tentar mitigar as consequências da subida de juros".
"E vejo com interesse e como positivo aquilo que se está a pensar relativamente a encontrar fórmulas de, nos próximos tempos, isso não pesar nas famílias portuguesas", prosseguiu o Presidente da República, defendendo que "isso tem duas vantagens", que se podem comparar a "dois pulmões".
De acordo com Marcelo Rebelo de Sousa, a primeira vantagem é "esperar que a situação económica melhore", mas a ação do Governo para mitigar a subida dos juros tem outra "vantagem política adicional", no seu entender: "Descomprime o debate ou uma parte do debate nas europeias" de 2024.
"Um dos problemas de um debate nas europeias feito sob uma pressão muito grande relativamente à situação apertada de quem tem crédito à habitação com juros altos era fazer crescer aquelas correntes contestatárias que tiram proveito sempre das situações mais aflitivas de crise. Nesse sentido, pode ter duas vantagens", sustentou.
Quanto ao conteúdo do livro de Cavaco Silva, o Presidente da República disse que ainda não o leu.
Questionado sobre o reaparecimento de Durão Barroso na esfera mediática e se considera que o antigo presidente da Comissão Europeia e ex-presidente não executivo do Banco Goldman Sachs International faz falta à direita portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa não quis partilhar a sua opinião.
"Se eu não comento os livros, a apresentação de livros, também não comento apresentadores de livros, comentadores dos apresentadores de livros, acho que não é a função do Presidente da República", justificou.
Sobre um possível posicionamento de Durão Barroso para as presidenciais de 2026, o chefe de Estado remeteu a pergunta para o próprio, acrescentando: "Sou Presidente e o Presidente não comenta potenciais presidentes ou candidatos a candidatos a candidatos a Presidente".