A organização da JMJ Lisboa 2023 reagiu “com dor e profunda tristeza” à divulgação do relatório da Comissão Independente (CI) para o Estudos dos Abusos Sexuais contra Crianças na Igreja Católica em Portugal.
“Os relatos chocam-nos e envergonham-nos. Reafirmamos o nosso compromisso em ser parte ativa, promovendo uma cultura de prevenção e cuidado na organização da Jornada Mundial da Juventude de Lisboa 2023”, refere uma nota, divulgada online, pelo Comité Organizador Local.
Os responsáveis convidam a rezar “por todos aqueles que foram abusados física, emocional e sexualmente por membros da Igreja Católica”.
“Pedimos que sejam lembrados, respeitados e acompanhados em tudo o que necessitarem”, conclui a nota.
A organização da JMJ Lisboa 2023 e a APAV – Associação Portuguesa de Apoio à Vítima – estão a colaborar em procedimentos de prevenção, proteção e resposta a incidentes que possam envolver jovens participantes na jornada.
A CI validou um total 512 testemunhos de abuso sexual na Igreja Católica nas últimas décadas, com um “pico” entre as décadas de 60 e 90 do século passado, segundo o relatório final do organismo, divulgado esta segunda-feira.
O texto faz recomendações à Igreja e também à sociedade portuguesa, sugerindo que a prescrição dos crimes de abuso sexual aumente até aos 30 anos da vítima e propondo a realização de um “estudo nacional sobre abusos sexuais de crianças nos seus vários espaços de socialização”.
O primeiro-ministro português anunciou esta terça-feira que vão decorrer reuniões do Governo com membros da CI, considerando “chocante” o crime de abuso sexual de menores, nos vários setores da sociedade.
“Acho que é um problema que choca toda a sociedade, que nos perturba a todos, sobretudo porque não sinaliza só abusos sobre crianças no espaço da Igreja, mas de ser uma realidade mais transversal à sociedade”, disse aos jornalistas, à margem de uma visita à Escola do Porto da Faculdade de Direito da Universidade Católica Portuguesa.
As reuniões vão envolver a ministra da Justiça e a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social.
“Há um conjunto de lições a retirar também para outros domínios, porque seguramente aquela realidade não aconteceu só naquele contexto específico”, precisou António Costa.
Se foi vítima de abuso ou conhece quem possa ter sido, não está sozinho e há vários organismos de apoio às vítimas a que pode recorrer:
- Serviço de Escuta dos Jesuítas , um “espaço seguro destinado a acolher, escutar e apoiar pessoas que possam ter sido vítimas de abusos sexuais nas instituições da Companhia de Jesus.
Telefone: 217 543 085 (2ª a 6ª, das 9h30 às 18h) | E-mail: escutar@jesuitas.pt | Morada: Estrada da Torre, 26, 1750-296 Lisboa
- Rede Care , projeto da APAV, Associação Portuguesa de Apoio à Vítima, que “apoia crianças e jovens vítimas de violência sexual de forma especializada, bem como as suas famílias e amigos/as”.
Com presença em Lisboa, Porto, Coimbra, Braga, Setúbal, Santarém, Algarve, Alentejo, Madeira e Açores.
Telefone: 22 550 29 57 | Linha gratuita de Apoio à Vítima: 116 006 | E-mail: care@apav.pt
- Comissões Diocesanas para a Protecção de Menores . São 21 e foram criadas pela Conferência Episcopal Portuguesa.
São constituídas por especialistas de várias áreas, recolhem denúncias e dão “orientações no campo da prevenção de abusos”.
Podem ser contactadas por telefone, correio ou email.
Para apoiar organizações católicas que trabalham com crianças:
- Projeto Cuidar , do CEPCEP, Centro de Estudos da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica
Se pretende partilhar o seu caso com a Renascença, pode contactar-nos de forma sigilosa, através do email: partilha@rr.pt