O Chefe do Estado Maior do Exército (CEME) considerou encerrado o caso do roubo (?) de armas e munições dos paióis de Tancos. Quatro processos disciplinares resultaram em penas ligeiras a militares subalternos.
O mais grave dos castigos, aplicado a um sargento que não mandou fazer as rondas de vigilância, consiste na proibição de saída do quartel durante duas semanas. Os paióis de Tancos foram entretanto fechados.
“O Exército fez o que tinha a fazer”, disse o CEME, general Rovisco Pais. Não, não fez, permito-me discordar. E o caso não pode ser dado como encerrado.
O roubo (que nem se sabe ao certo se foi mesmo roubo, como observou o ministro da Defesa) foi considerado um assunto gravíssimo, quando em Junho passado se descobriu que faltava material de guerra em Tancos. Semanas depois, esse material – que a certa altura foi classificado de “obsoleto” – reapareceu próximo de Tancos, com um bónus (material que não tinha saído daqueles paióis).
O que se terá passado, afinal? Os portugueses continuam na mais total ignorância. Talvez haja quem saiba, mas não estará interessado em dizer a verdade ao país. Ou talvez os altos responsáveis também ignorem o que terá acontecido, uma hipótese ainda mais preocupante.
Em Novembro passado, o Presidente da República, que por inerência é também o comandante supremo das Forças Armadas, insistiu na necessidade de integral apuramento das responsabilidades deste estranho caso, com divulgação pública.
Ora, o mistério continua. E pretendem colocar uma pedra sobre o caso? Não é aceitável.