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A líder do PAN, Inês Sousa Real, criticou o Chega por não ter qualquer proposta para combater as alterações climáticas, já André Ventura admitiu que o assunto é relevante, mas diz que "não há milagres".
O debate que decorreu esta sexta-feira na SIC Notícias começou praticamente com André Ventura a criticar o PAN e a tentar colá-lo ao PS.
"O PAN viabilizou todos os Orçamentos do Estado socialistas", acusou André Ventura, considerando que o PAN, ao mostrar disponibilidade para apoiar um Governo à esquerda ou à direita, está a "faltar à verdade".
O presidente do Chega recordou que o PAN viabilizou Orçamentos de um país que tem hoje "a quinta eletricidade mais cara da Europa e uma das gasolinas mais caras da Europa", alegando que o país tem a maior carga fiscal da Europa (a carga fiscal em Portugal em 2020, segundo o Instituto Nacional de Estatística, foi de 34,8% do PIB, abaixo da média europeia).
Em resposta, Inês Sousa Real frisou que o partido tem linhas vermelhas para desenhar possíveis acordos após as legislativas, apontando para questões como a proteção animal, uma maior ambição na retoma económica, o fim de "borlas fiscais" às petrolíferas e o combate às alterações climáticas.
"Temos que ir mais longe. Temos que taxar as atividades poluentes", frisou, recordando que o partido pretende um Ministério do Ambiente e das Alterações Climáticas, para que seja "o clima a marcar o passo".
Nesse ponto, a porta-voz do PAN, dirigiu-se a André Ventura, para notar, tal como o Livre já o tinha feito, que o programa do Chega "tem zero propostas sobre as alterações climáticas", não havendo qualquer referência no documento de nove páginas ao ambiente ou à proteção animal. .
Confrontado, Ventura admitiu que as alterações climáticas "são um problema".
Sem apresentar propostas para a problemática, o líder do Chega optou por criticar o PAN, alegando que a solução daquele partido ambientalista passa por "criar mais impostos para as pessoas e para as empresas".
"Não há milagres. Nós podemos ter uma conversa muito bonita sobre aquecimento global, mas se isso equivaler a destruir as famílias, o seu rendimento e o das empresas, isso não vale a pena", referiu Ventura, que procurou sempre colar o PAN a um partido que quer "taxar, taxar" e "proibir, proibir".
"Somos um partido progressista que é muito diferente" de um partido proibicionista, frisou Inês Sousa Real, salientando que se devem proibir atividades como a tourada ou a caça, por serem "anacrónicas".
Essas atividades "não deviam ter lugar no século XXI, em que é possível matar animais à paulada, animais como o coelho-bravo, um animal que até lhe deve ser muito próximo, tendo em conta que é detentor de uma coelha, a Acácia", constatou.
A líder do PAN frisou ainda que recusa a ideia de reduzir o mundo rural a essas duas atividades, considerando que isso "é até ofensivo para o mundo rural".
Indo contra a ideia de um partido apenas preocupado com os animais, Inês Sousa Real afirmou que foi "pela mão do PAN" que se alargou a tarifa social de energia a mais 100 mil famílias, que o partido propõe uma redução de IRC e de IRS para ajudar famílias e empresas.
Já quase no final do debate, questionado pela moderadora sobre o porquê de uma das medidas do Chega ter uma lógica punitiva de obrigar desempregados a serviço comunitário, André Ventura referiu que essa situação será apenas para pessoas com Rendimento Social de Inserção (RSI).
"É RSI e não subsídio de desemprego. Isso é falso", afirmou, apesar de a medida, publicada no site do partido, referir que será "instituído serviço comunitário obrigatório durante a concessão de subsídio de desemprego".