Mesmo antes da abertura de portas, já são extensas as filas para aceder aos serviços, onde, por dia, são atendidos milhares de utentes. Os funcionários de Lojas do Cidadão queixam-se de falta de equipamento de proteção, de serem expostos a riscos desnecessários e de falta de formação para lidar com potenciais casos de utentes com o novo coronavírus.
Face à necessidade de travar a progressão do Covid-19, os funcionários receberam esta semana um plano de contenção com instruções sobre o que fazer no caso de haver uma pessoa com sintomas.
Neste espaço, dezenas de funcionários atendem todos os dias centenas de utentes.
"Todos os dias de manhã há uma fila à porta das Lojas de Cidadão, com muitas centenas de pessoas. Nós fazemos uma triagem. Um a um, pessoa a pessoa, tentamos perceber o que vêm fazer, entregamos uma senha. Muitas vezes há contacto físico”, descreve à Renascença um responsável pela gestão de uma das lojas do Cidadão da Grande Lisboa, que quis manter o anonimato.
Não há máscaras para os funcionários, que têm ao seu dispor apenas um frasco de álcool para desinfetar as mãos – equipamento previsto no plano de contenção que o Ministério da Justiça fez chegar às Lojas do Cidadão, com procedimentos e medidas que os funcionários temem que não sejam suficientes.
“A minha preocupação maior é a falta de condições de proteção e prevenção não loja, onde há centenas de pessoas por dia num espaço fechado, e onde não há qualquer tipo de contenção de contacto pessoal com os utentes”, reconhece o mesmo responsável, chamando a atenção para o facto de o atendimento ser feito cara a cara e que surgem pessoas das mais diversas nacionalidades.
Estes funcionários não tiveram qualquer formação nesta matéria, apenas receberam um e-mail dos Recursos Humanos com o plano de contenção.
Esta semana, o Sindicato dos Trabalhadores dos Registos e do Notariado criticou a ministra da Justiça por não atender às preocupações da ministra da Saúde no que se refere à prevenção da propagação do Covid-19, pedindo que se encerrem as Lojas de Cidadão de todo o país, à semelhança do que aconteceu em Felgueiras e em Lousada.