A passagem de ano na Austrália está a ser marcada por pânico e desespero em vários locais, com o país a enfrentar o pior dia de incêndios registado até ao momento.
Nos Estados de Nova Gales do Sul e de Victoria milhares de pessoas refugiaram-se na praia e há quem fale na necessidade de um resgate pelo mar, diante do avanço das chamas que já destruíram dezenas de casas e fizeram pelo menos mais três mortos e quatro desaparecidos.
“O dia virou noite. Escuro, preto, os carros com faróis para que os bombeiros pudessem ver alguma coisa. Toda a gente fugiu para a praia, tanta gente! Há imagens aéreas das praias, com gente por todos os lados na praia, à espera. Uma discussão enorme no Twitter, com pessoas a pedir que a marinha vá resgatar as pessoas, como em Dunquerque”, diz Beatriz Wagner, uma jornalista brasileira residente em Sidney.
Nas últimas horas as Forças Armadas australianas informaram que vão mesmo enviar apoio marítimo e aéreo para ajudar a retirar quem precisa.
Em declarações à Renascença a jornalista explica que em Gippsland, a sul de Melbourne, “onde o fogo continua fora de controlo, dezenas de casas arderam hoje”.
Apesar do cenário de desastre que se vive no Estado, na cidade de Sidney, uma das principais de Nova Gales do Sul, a autarquia insistiu em avançar com o espetáculo de fogo de artifício que estava programado, o que está a gerar fortes críticas.
“A câmara de Sidney entrou com um pedido para estar isenta do cancelamento e ontem à tarde os bombeiros autorizaram que o espetáculo fosse em frente. O debate é cerrado, muitos sentem que não se deve celebrar com fogo de artifício e fumaça, quando metade do país está em chamas”, diz Beatriz Wagner.
Mas não é só a autarquia de Sidney que está a atrair críticas. O primeiro-ministro Scott Morrison também está a ser contestado por ter divulgado uma mensagem que alguns entendem como menorizando a gravidade do problema.
“Ele diz que o espírito australiano é de vencer as dificuldades, que já estamos habituados e passámos por isto. Essas declarações do primeiro-ministro também causaram revolta e está a ser organizado um protesto à frente da casa dele”, diz a jornalista brasileira.
Os incêndios já provocaram a morte de 12 pessoas desde julho.
Segundo o último balanço, as chamas já consumiram mais de quatro milhões de hectares.