O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, reafirmou nesta terça-feira a sua recusa em assinar um acordo de paz com a Rússia, alegando que o líder russo, Vladimir Putin, acabará por violar o compromisso, citando um exemplo de 1994.
Zelensky lembrou o exemplo do Memorando de Budapeste de 1994, no qual a Ucrânia renunciou a ficar com armas nucleares da extinta União Soviética em troca de o Estado russo respeitar a soberania e o território da Ucrânia.
Segundo o Presidente ucraniano, a assinatura do referido tratado, em 05 de dezembro, há 28 anos, “dá resposta a muitas das questões atuais” sobre a Rússia, razão que leva a Ucrânia a reiterar a sua recusa em “assinar algo com esses terroristas”, cujos militares voltaram a atacar o país na segunda-feira.
Uma vaga de mísseis russos atingiu na segunda-feira alvos em toda a Ucrânia, incluindo instalações de infraestrutura de energia, forçando a empresa estatal Ukrenergo a realizar cortes de energia de emergência.
“Com o ataque de mísseis, a Rússia marcou outro aniversário da assinatura do Memorando de Budapeste. Um documento cujo destino fornece respostas para muitas das questões atuais sobre a Rússia. Assinar algo com esses terroristas não traz a paz”, afirmou Zelensky na sua mensagem diária à população do país.
“Ceder quaisquer elementos de segurança à Rússia significará uma nova guerra. Só a libertação de toda a nossa terra e levar os assassinos à justiça pode trazer a paz”, acrescentou.
No Memorando de Budapeste, a Rússia, o Reino Unido e os Estados Unidos deram conjuntamente garantias de segurança à Ucrânia, à Bielorrússia e ao Cazaquistão em troca da renúncia a todas as armas nucleares da era soviética nos seus territórios.
Entre outras coisas, os signatários comprometeram-se a respeitar a soberania e as fronteiras existentes das três ex-repúblicas soviéticas.
A Rússia invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro, alegando ser necessário “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia.
A iniciativa, apelidada pela Rússia de ofensiva militar, foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.