A crise humanitária no Afeganistão impos respostas nacionais no quadro do apoio a refugiados, em especial, a crianças. Para os refugiados afegãos que chegaram durante o fim de semana a Portugal, e para outros que recebem auxílio da Cruz Vermelha Portuguesa, foi lançado recentemente um apelo.
É “um apelo para criar um fundo financeiro para fazer face às despesas acrescidas na saúde, na educação e até na produção do emprego, portanto, na empregabilidade”, afirma à Renascença Joana Rodrigues, responsável pela resposta de acolhimento a refugiados da Cruz Vermelha Portuguesa.
O repto é lançado à sociedade civil, às empresas e a todos os setores, para que ajudem a criar um fundo de apoio a mulheres e crianças refugiadas em Portugal, ao abrigo dos programas de acolhimento conduzidos pelo Estado português.
“Há uma conta aberta na Caixa Geral de Depósitos, que podem consultar acedendo ao nosso site da Cruz Vermelha Portuguesa. Este fundo vai ser gerido numa colaboração entre a Cruz Vermelha Portuguesa e a Associação Corações com Coroa”, adianta a responsável.
O apelo agora lançado surge depois de, através das estruturas locais, se ter feito um primeiro pedido com vista a garantir alojamento para estas famílias.
“Desde o primeiro momento que lançámos este apelo e assim que começámos a receber as primeiras disponibilidades, temos vindo a articular com os vários ministérios envolvidos e, nomeadamente, com o Alto Comissariado para as Migrações, colocando de imediato ao dispor os alojamentos descentralizados em todo o território que vamos conseguindo”, avança Joana Rodrigues.
“Portanto, no espaço de 24 horas, assim que foi lançado esse primeiro apelo, conseguimos logo disponibilizar cerca de 50; neste momento já são mais”, frisa.
“Obviamente que estas disponibilidades estão a ser geridas com tranquilidade também, mas acima de tudo com muito respeito pelas pessoas que estão a chegar e estão a ser visitadas e avaliadas. Só depois desse primeiro filtro é que poderemos de alguma forma proceder aqui à recolocação das pessoas nestes alojamentos mais personalizados às suas condições”, explica ainda a responsável da Cruz Vermelha.
Depois… o trabalho prolonga-se. É “construir com elas, ou reconstruir, toda uma vida que foi interrompida e às vezes isso não é no imediato”.
“É difícil para nós estarmos a medir as taxas de sucesso sem dar tempo às pessoas para fazerem este caminho e nem todas fazem no mesmo tempo”, acrescenta.
Por isso, o trabalho da Cruz Vermelha só “cessa quando deixamos de ser necessários para as pessoas que estamos a acompanhar”.
“O trabalho da Cruz Vermelha é um trabalho humanitário, social e, portanto, não deixa de estar feito até que a pessoa deixe de precisar de nós”, conclui Joana Rodrigues.
O apelo para a criação do fundo vai decorrer até ao final do ano. Os movimentos financeiros serão públicos e de livre acesso, e serão geridos pela Cruz Vermelha Portuguesa e pela Associação Corações com Coroa.