“Trata-se da primeira vez que este prémio recai sobre o género conto” diz o júri na declaração de voto de atribuição do Prémio Casino da Póvoa à escritora Luísa Costa Gomes e ao livro “Afastar-se” (edição Dom Quixote, 2021). O galardão entregue no âmbito do Festival Correntes d’Escritas da Póvoa de Varzim é atribuído numa altura em que a autora completou 40 anos de carreira literária.
O anúncio foi feito esta quarta-feira na cerimónia oficial de Abertura da 23ª edição do festival literário organizado pela autarquia da Póvoa de Varzim. O júri, constituído pela editora Ana Pereirinha, o escritor galego Carlos Quiroga, os jornalistas Carlos Vaz Marques e Isabel Lucas e a ex-ministra da Cultura Isabel Pires de Lima sublinham a “coerência na diversidade deste livro de contos”.
“No domínio da escrita, o trabalho da autora persiste com rigor constante” referem os jurados na declaração de voto. Atribuído por maioria, o prémio, diz o júri vai para uma autora que tem feito do “uso da ironia”, uma das “marcas” da sua escrita. “Afastar-se” é um livro que reúne um conjunto de contos em torno da água.
A entrega do Prémio, no valor de 20 mil euros, será feita na cerimónia de encerramento, no dia 26 de fevereiro, no Cine-Teatro Garrett, na Póvoa de Varzim. Luísa Costa Gomes foi o nome escolhido entre 14 finalistas. O prémio vai este ano para a prosa. Entre os candidatos da lista final estavam nomes como Gonçalo M. Tavares, João de Melo, Djaimilia Pereira de Almeida, Cláudia Andrade, José Luís Peixoto, Patrícia Portela, Paulo Scott, Mia Couto, entre outros.
No ano passado, numa edição do festival que foi confinada ao digital, a vencedora do Prémio Casino da Póvoa - Correntes d'Escritas foi a escritora e poeta Maria Teresa Horta com o livro de poemas "Estranhezas" (editado pela Dom Quixote em 2018). No ano anterior, em 2020, ano em que o prémio foi para a escrita em prosa, o vencedor tinha sido o escritor angolano Pepetela com o livro “Sua Excelência, de Corpo Presente” (editado pela Dom Quixote).
Luísa Costa Gomes é licenciada em Filosofia e foi durante anos professora do Ensino Secundário. A sua escrita divide-se entre o romance, os contos, a crónica e peças de teatro. O seu primeiro romance, “O Pequeno Mundo”, ganhou o Prémio D. Diniz da Casa de Mateus e “Olhos Verdes”, o Prémio Máxima de Literatura.
Em 2018, Luísa Costa Gomes escreveu um retrato para a Fundação Francisco Manuel dos Santos intitulado “Da Costa”. É também autora dos livros infantis “A Galinha Que Cantava Ópera”, com ilustrações de Pierre Pratt, “Trava-Línguas”, com ilustrações de Jorge Nesbitt e “A Pirata”.
Com o livro “Contos Outra Vez” ganhou o Grande Prémio de Conto da Associação Portuguesa de Escritores e em 2010, com a obra “Ilusão” venceu o Prémio Literário Fernando Namora/Estoril Sol e o Prémio de Ficção do PEN Clube, em ex-aequo com Dulce Maria Cardoso.
Com a obra "Cláudio e Constantino" (2014), venceu o Grande Prémio de Literatura dst e com Florinhas de Soror Nada, a Vida de Uma Não-Santa (2018), o Prémio de Novela e Romance Urbano Tavares Rodrigues.
Primeira edição do Prémio Luís Sepúlveda
Este ano, e em homenagem ao escritor chileno Luís Sepúlveda, uma das vítimas de Covid-19, e um dos escritores que sempre marcou presença no Festival Correntes d’Escritas, foi criado um prémio com o seu nome. Atribuído a contos escritos por crianças este prémio já existia, mas adotou o nome de Sepúlveda a partir desta edição.
Segundo a ata do júri, o primeiro lugar foi atribuído aos alunos do 3º e 4º B da Escola Básica José Manuel Durão Barroso, de Armamar ao conto “As Histórias do Jardim”; o segundo lugar vai para a turma do 4ºA da mesma escola pelo conto “O Canto dos Pássaros”. Já o terceiro lugar foi para o 4ºC da Escola Básica Padre Manuel de Castro, de São Mamede de Infesta e o conto “Pan, a flauta perdida”.
Outro dos prémios atribuído foi o Prémio Literário Fundação Dr. Luís Rainha Correntes d’Escritas 2022 foi para “Um Gato sentado à Janela” atribuído a Fábio André Sobral Casanova, um jovem da Póvoa de Varzim.
Já o prémio Literário Correntes d’Escritas Papelaria Locus 2022 foi atribuído por unanimidade ao conto “Quem Nasce para cinco nunca chegará a dez” de Maria de Faria Alpalhão Ribeiro de Almeida que concorreu com o pseudónimo Joaquim Lopes da Silva.
"Se estivéssemos à espera do Governo..."
Esta manhã na sessão de abertura, o vereador da cultura da autarquia poveira criticou o apoio do Governo ao setor. Em tempo de pandemia, Luís Diamantino lembra que são as autarquias que mais têm apoiado a cultura.
“Às vezes, ponho-me a pensar: o que seria deste país se as câmaras não fizessem o que têm feito pela cultura. As câmaras têm feito muito pela cultura deste país. Se estivéssemos à espera que o Governo central fizesse alguma coisa, quero-vos dizer que não teríamos cultura neste país ou teríamos só em Lisboa, possivelmente, que é o costume”, declarou Luís Diamantino.