A paixão de evangelizar, tema escolhido pelo Papa para as catequeses de quarta feira, implica um estilo de testemunho nada óbvio para os tempos de hoje, pois Jesus envia os discípulos a anunciar no mundo, “como cordeiros no meio de lobos”.
Francisco recordou esta quarta-feira, que, “para Jesus, não há ir sem estar e não há estar sem ir”. Ou seja, “só quem estiver com Ele poderá anunciar o Evangelho de Jesus”. Mas também “sem anúncio, sem serviço, sem missão, a relação com Ele não cresce”.
"Encontrar Jesus, conhecê-lo, descobrir que somos amados e salvos, é um dom tão grande que não podemos guardá-lo para nós, sentimos a necessidade de o irradiar; mas com o mesmo estilo, na gratuidade”, disse, ainda, acrescentando um alerta: “É mais fácil exortar as pessoas a amá-Lo do que a deixar-se amar por Ele, porque queremos estar sempre no centro, ser protagonistas, estamos mais propensos a deixar-nos plasmar, a falar mais do que a ouvir”.
O único protagonista é Deus e quem anuncia deve dar-Lhe primazia e dar aos outros “a oportunidade de o acolher, de sentir que Ele está próximo”. E acrescenta que Deus “não nos pede para saber enfrentar os lobos, isto é, para saber argumentar, reagir e nos defendermos”.
Francisco considera um erro pensar que se nos tornarmos relevantes e com prestígio, o mundo ouvir-nos-á, respeitar-nos-á. Mas é o contrário, porque Cristo disse “envio-vos como ovelhas, como cordeiros”. O que Ele pede é “que sejamos assim, mansos e inocentes, dispostos ao sacrifício; com efeito, é o que o cordeiro representa: mansidão, inocência, dedicação. E Ele, o Pastor, reconhecerá os seus cordeiros e protegê-los-á dos lobos. Ao contrário, os cordeiros disfarçados de lobos são desmascarados e dilacerados”.
E para que não restem dúvidas, o Papa citou um Padre da Igreja para esclarecer o estilo de testemunho que se espera de quem anuncia Cristo: «Enquanto formos cordeiros, venceremos; e mesmo que sejamos rodeados por numerosos lobos, conseguiremos vencê-los. Mas se formos lobos, seremos derrotados, pois seremos privados da ajuda do pastor. Ele não apascenta lobos, mas cordeiros» (São João Crisóstomo, Homilia 33 sobre o Evangelho de Mateus).
No final desta audiência, o Santo Padre renovou o seu pedido para não esquecermos “a querida e martirizada população da Ucrânia, rezando para que os seus cruéis sofrimentos possam acabar rapidamente”.