O primeiro-ministro português afirmou esta sexta-feira que "o nível de perigosidade" que o Presidente russo já revelou "é suficiente para estarmos preocupados".
Questionado à saída do Conselho Europeu sobre se Vladimir Putin está mais perigoso, António Costa não poupou palavras: "Veremos o que vai acontecer no futuro, mas creio que o nível de perigosidade que já reveliu é suficiente para estarmos preocupados."
"Houve algum nível de informação partilhado, mas não há, digamos, nenhuma indicação muito mais clara para além daquilo que creio que todos podemos constatar: quebra da coesão interna dentro da Rússia, um sinal, de facto, de enfraquecimento da liderança de Putin", afirmou.
Em conferência de imprensa após a reunião dos Estados-membros, Costa revelou também que a reforma da política de migração e asilo continua sem reunir consenso, uma vez que a Hungria e Polónia recusaram "todas as soluções de compromisso".
“Não fiquei desiludido porque não nos surpreende. É sabido que a Polónia e a Hungria têm posição bastante divergente e cada vez mais isolada no Conselho”, pelo que “ficou bastante claro o isolamento, mas não há surpresa”.
Contudo, o chefe do Governo português diz que "nada disso altera aquilo que é o ponto fundamental, que é temos que continuar a apoiar a Ucrânia para impedir que quem violou o direito internacional possa vencer esta guerra e assegurar que a Ucrânia tem condições para conquistar a paz de uma forma justa e duradoura".
Apesar das posições "dissonantes da Polónia e da Hungria”, “houve um consenso muito alargado entre a generalidade dos Estados-membros sobre as políticas de migração e o apoio aos países de origem”.
Apontando que estes dois países “tinham esperança de que os novos governos se tivessem juntado” à sua posição divergente na questão migratória, nomeadamente Itália, o chefe de Governo português adiantou que “o que está explicitado é que a Polónia e a Hungria têm um entendimento distinto das regras da UE”.
Para António Costa, Varsóvia e Budapeste têm uma “visão completamente errada dos valores europeus e de como a Europa se deve relacionar com o mundo”.
Esta é, considerou, uma “visão de que é possível imaginar um mundo em que não há migrações”, mas a ideia de que isso é possível é como achar que se consegue “eliminar o vento”.
“Não vamos eliminar, temos é de gerir”, concluiu António Costa.
Hungria e Polónia contestam a regra da maioria qualificada em matérias da política migratória, como permitido pelos tratados, defendo antes unanimidade para bloquear ou avançar com certas medidas.