O Papa rejeita ser apelidado de “Papa de Esquerda” ou “Papa comunista”. Francisco afirma que as suas intervenções sobre economia derivam da Doutrina Social da Igreja e nada mais.
Numa conversa com os jornalistas, durante o voo entre Cuba e os Estados Unidos, Francisco respondeu abertamente à pergunta e até brincou com a questão.
“Pensar que é comunista ou não... Eu estou certo que não disse uma coisa a mais do que aquilo que está na Doutrina Social da Igreja. Sou eu a seguir a Igreja. As coisas podem-se explicar-se e dar a impressão de ser um pouco de esquerda, mas seria uma explicação errada”, declarou o Papa.
“A minha doutrina sobre tudo isto, sobre a encíclica ‘Laudato Si’, sobre o imperialismo económico e tudo isso, é a da Doutrina Social da Igreja. E, se for preciso recitar o credo, estou disposto a fazê-lo”, sublinhou Francisco.
Sobre o embargo norte-americano a Havana, que ainda se mantém apesar do reatamento das relações diplomáticas entre os dois países, o Papa sublinhou que as negociações prosseguem e que não devem ser perturbadas.
“O problema do embargo faz parte das negociações. Ambos os presidentes se referiram a isso, é público, faz parte do caminho das boas relações que se procuram restabelecer. O meu desejo é que cheguem a bom porto e a um acordo que satisfaça as partes. A posição da Santa Sé é conhecida e Papas anteriores já falaram do assunto”, disse o Bispo de Roma aos jornalistas.
A questão dos dissidentes cubanos foi outro tema em destaque nesta conversa com os jornalistas entre Cuba e os Estados Unidos.
O Papa disse não ter conhecimento de detenções durante a sua passagem por Cuba. Explicou que, apesar de não ter reunido com dissidentes políticos, mostrou disponibilidade para os saudar e acolher na catedral de Havana, mas nenhum deles se identificou.
"Não tenho notícias de que isso tenha acontecido. Não sei. Gosto de me encontrar com todas as pessoas. Se quer que lhe fale dos dissidentes, posso dizer-lhe em concreto que, na Nunciatura estava bem claro que eu não daria audiências. Não só aos dissidentes, mas a chefes de Estado. Em segundo lugar, telefonaram da Nunciatura a algumas pessoas dos grupos de dissidentes, para comunicar que eu, com todo o gosto, comunicaria com eles, quando chegasse à catedral. Como nenhum se identificou, não sei se lá estavam ou não."
Sobre os pedidos de amnistia para os presos, Francisco disse que isso, sim, é um trabalho para a Igreja Católica no terreno.
A Casa Branca volta esta quarta-feira a abrir as suas portas ao sucessor de Pedro, mas desta vez nota-se uma diferença em relação aos outros Papas: É que, no cortejo em carros fechados, todos pretos e blindados, lá no meio, destaque para o carro do Papa Francisco, igualmente preto e com a bandeirinha do Vaticano, mas muito mais pequeno: trata-se de um Fiat 500, um utilitário de quatro portas.
O Papa terminou esta terça-feira a visita a Cuba e seguiu para os Estados Unidos. Chegou à base aérea de Andrews, no Maryland, pelas 21h00 (hora portuguesa), tendo à sua espera o Presidente norte-americano, Barack Obama.
Francisco e Obama trocaram cumprimentos, trocaram algumas palavras e sorrisos na pista do aeroporto. Depois, como tem sido habitual noutras visitas, o Papa fez-se transportar numa pequena viatura até à Nunciatura, em Washington.
A visita à Casa Branca e o encontro oficial com Obama estão marcados para as 14h00 (hora portuguesa).
Francisco segue depois para a Catedral de S. Mateus, em Washington, onde se vai encontrar com os bispos norte-americanos.
À noite, preside à missa de canonização do beato Junípero Serra, no Santuário Nacional da Imaculada Conceição, em Washington.