O Sindicato Independente dos Médicos (SIM) diz que a adesão à greve de dois dias, iniciada esta quarta-feira, é de 95% nos cuidados de saúde primários, 90% nos blocos operatórios e 85% nas consultas externas.
"Eu precisava de consulta para hoje, mas já me disseram para voltar só na quinta-feira", lamenta Joaquim, utente da Unidade de Saúde Familiar (USF) São Félix-Perosinho, em Vila Nova de Gaia, que serve praticamente 20 mil utentes, divididos por dois polos.
Joaquim tinha consulta marcada com o médico de família, "para avaliar o agravamento de um problema de oftalmologia e ver se conseguia encaminhamento para o hospital".
"Sabia desta greve, mas, mesmo assim, tentei a minha sorte e vim", acrescenta.
O constrangimento só não é maior, porque Joaquim é reformado e "tempo não falta, mas claro que há pessoas para quem é muito difícil, porque estão a trabalhar e não têm vida para isso".
Diferente é a situação de Rosa e Jorge, mãe e filho, que não conseguiram marcação para hoje e apareceram de manhã, logo às 08h00, para conseguir uma consulta aberta: "disseram-nos para voltar cá às 12h45 e, a essa hora, pode ser que consigamos".
"É uma manhã perdida", reconhece Rosa.
Na sala de espera desta USF, cerca de 20 utentes aguardam, ansiosos, para saber se a senha que tiraram à entrada vai ser correspondida por uma consulta. Quando não há médico, a confirmação demora escassos minutos. Saem, entre o conformismo e a indignação: "perde uma pessoa uma manhã de trabalho para isto?...", sorri Joana que, ainda assim, diz entender as razões para esta greve.
"Eles têm esse direito, mas nós também temos direito a sermos atendidos e não podemos gerir a nossa vida em função das greves... já viu o que era?".
Lá dentro, o segurança que ajuda a fazer o encaminhamento dos utentes dentro da USF São Félix-Perosinho antecipa um "dia difícil".
Sem poder adiantar o número de clínicos ausentes por greve, entre os 12 que compõem os dois polos desta estrutura de saúde, o funcionário explica que "basta faltar um ou dois médicos para as marcações não se realizarem e para as consultas abertas destinadas a cada um dos médicos ficarem por fazer... e cada médico assegura, pelo menos, quatro consultas abertas".
À chegada, os utentes que sabem que há greve perguntam se vale a pena esperar: "a senhora é que sabe", responde o segurança.
Por hoje, o mais certo é não terem consulta. Amanhã, logo se vê.
Esta greve regional realiza-se nos hospitais e agrupamentos de centros de saúde que não foram abrangidos pela greve que decorreu nos dias 6 e 7 deste mês.
Os impactos vão ser sentidos, sobretudo, no Centro Hospitalar Universitário de Santo António, no Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho, no Centro Hospitalar de Entre o Douro e Vouga, no Hospital da Senhora da Oliveira - Guimarães, no Hospital de Braga, no Hospital Santa Maria Maior - Barcelos, no Instituto Português de Oncologia do Porto, no Centro de Medicina Desportiva do Porto e no Departamento de Saúde Pública da ARS Norte.
Já nos cuidados de saúde primários, os utentes irão sentir constrangimentos nos seguintes agrupamentos de centros de saúde: Alto Ave - Guimarães, Vizela e Terras de Basto; Ave / Famalicão; Cávado I - Braga; Cávado II - Gerês/Cabreira; Cávado III - Barcelos/Esposende; Entre Douro e Vouga I - Feira e Arouca; Entre Douro e Vouga II - Aveiro Norte; Grande Porto II Gondomar; Grande Porto V - Porto Ocidental; Grande Porto VII – Gaia; Grande Porto VIII - Espinho/Gaia.
[notícia atualizada às 10h33]