Depois da ministra da Saúde Marta Temido ter aberto os trabalhos, seguiu-se uma retrospetiva da evolução da doença em Portugal feita por André Peralta Santos, diretor de serviços de Informação e Análise da Díreção-Geral da Saúde.
O especialista começou por referir que na última reunião do Infarmed a situação tinha “uma tendência decrescente, fruto das medidas implementadas”, uma tendência que se manteve decrescente até próximo do Natal. "Atualmente estamos com uma trajetória crescente, atingindo um máximo histórico da incidência cumulativa”, explicou André Peralta Santos.
A alta incidência
alastrou-se por todo o país, com vários municípios a mais do que duplicar o
número de casos a cada 100 mil habitantes.
De seguida um especialista da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto traçou o retrato da doença na região Norte. Segundo Óscar Felgueiras, Viana do Castelo é o distrito mais crítico com "um crescimento muito mais acentuado" do que no resto da região e que não está associado a surtos em lares indicado uma transmissão comunitária muito ativa.
Duarte Tavares, do departamento de Saúde Pública da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, fez depois um retrato da região de Lisboa e Vale do Tejo, dando conta que, ao aeroporto de Lisboa, em média, chegam diariamente mais de 100 portugueses que não viajam com teste feito e recusam-se a fazê-lo à chegada.
Foi depois a vez de Baltazar Nunes, do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, falar sobre o grau de transmissibilidade da doença. Este especialista revela que foram feitas várias simulações sobre vários tipos de confinamento. A conclusão é que se houver um confinamento com escolas abertas, o R reduz para valores inferiores a 1, mas essa redução seria mais acentuada se as escolas fechassem, pelo menos, nalguns graus de ensino.
No dia 24 de dezembro, realizaram-se 54 mil testes à Covid-19, revelou Manuel Carmo Gomes, epidemiologista da Faculdade de Ciências de Lisboa. Se nada for feito, "de 11 em 11 dias vamos duplicar o número de casos".
Este especialista deixou ainda estimativas que considerou preocupantes, revelando que no fim de janeiro Portugal registará cerca de 14 mil casos por dia. Este especialista prevê que no dia 24 de janeiro se atinja um número de óbitos na ordem dos 154. Manuel Carmo Gomes refere ainda que já será difícil evitar atingir o número de internados em cuidados intensivos para os 700.
Nesta reunião tomou a palavra também o coordenador do Plano de Vacinação contra a Covid-19, segundo o qual, a primeira remessa de vacinas da Moderna, com 8.400 doses, é esperada esta terça-feira a Portugal. Francisco Ramos adiantou ainda que já foram tomaram a primeira dose da vacina 65 mil profissoaius de saúde do SNS, 751 do Hospital das Forças Armadas, 1.267 do INEM e 7.521 em lares e em unidades de cuidados continuados (residentes e profissionais). Francisco Ramos disse ainda que não há registo até ao momento de nenhuma reação adversa grave e que a rejeição à vacinação "está a diminuir".
Sobre a vacina da Astrazeneca, Francisco Ramos disse que a expectativa é que seja aprovada na Europa até ao fim do mês de janeiro o que significará que, em Portugal, entre fevereiro e março, existirá mais um milhão e 300 mil doses de vacina disponíveis.
O coordenador do Plano Nacional de Vacinação contra a Covid-19 reconheceu ainda que o processo de vacinação "decorre de forma normal" e que o "grande problema é a ausência de vacinas".
A última especialista a falar foi Clara Nunes, da Escola Nacional de Saúde Pública, que apresentou um estudo sobre "Perceções Sociais sobre a Covid-19". Um dos dados mais importantes a reter é que neste momento 65,8% dos portugueses têm intenção de se vacinar, assim que possível. O mesmo estudo refere a percentagem de portugueses que usa sempre máscara e mantém as distâncias de segurança está a diminuir.
Em Portugal, morreram 7.925 pessoas dos 489.293 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
O estado de emergência decretado em 9 de novembro para combater a pandemia foi renovado com efeitos desde as 00h00 de 8 de janeiro, até dia 15.
A nível mundial, a pandemia provocou pelo menos 1.934.693 mortos resultantes de mais de 90,1 milhões de casos de infeção, segundo o último balanço feito pela agência francesa AFP.