Veja também:
O presidente da direção da Sociedade Portuguesa de Virologia defende que a recomendação da Direção-Geral da Saúde, de administrar a vacina da AstraZeneca/Oxford "preferencialmente" em pessoas até aos 65 anos de idade, é “a mais adequada”.
“É uma medida de precaução que acho correta e com a qual concordo. Realmente é algo que no início não pensamos - em fazer esta distribuição de acordo com os grupos etários - mas temos de nos adaptar”, explica Paulo Paixão.
De acordo com o virologista, em causa está a falta de dados relativamente à eficácia comprovada do fármaco. Por precaução, “faz sentido”, defende o especialista, que o Ministério da Saúde reserve para os mais idosos as vacinas que já têm eficácia comprovada naquela faixa etária, como é o caso da vacina da Pfizer, e deixe a da AstraZeneca para os mais jovens.
Além disso, os resultados preliminares de um estudo da eficácia da vacina da AstraZeneca contra a variante da África do Sul revelaram que as duas doses não são suficientes para evitar casos leves ou moderados. E mesmo a eficácia contra a manifestação severa não é 100% fiável.
“A questão é que como os ensaios aconteceram, praticamente, só com pessoas mais jovens não houve casos graves, mas é difícil perceber se a proteção se deveu à ação da vacina ou devido ao escalão etário dos participantes”, explica Paulo Paixão.
É, também, devido ao surgimento de novas variantes e à necessidade de adaptação de algumas vacinas, que o presidente da Sociedade Portuguesa de Virologia diz ser “expectável” que o plano de vacinação sofra novas alterações até ao final do ano.
“As adaptações não são um sinal de incoerência, são um sinal de inteligência. Não podemos alterar o que está estabelecido sem dados científicos que justifiquem a alteração. Agora, à medida que forem chegando novos dados, não vejo problema nenhum com isso. Seguramente que até ao final do ano vão surgir muitas outras novidades. Provavelmente, teremos de ter novas vacinas adaptadas”, defende.