Em reação ao anúncio da criação de mais 31 unidades locais de saúde pelo diretor executivo do Serviço Nacional de Saúde (SNS), Carlos Cortes volta a levantar dúvidas sobre o processo, no qual, diz, a Ordem não foi ouvida e que pouco conhece.
Em entrevista à Renascença, o bastonário da Ordem dos Médicos alerta que, “se estas ULS forem uma cópia daquelas que já existem no país, nós estamos perante um problema sério”. “Atualmente, as ULS, na esmagadora parte do país, estão a funcionar, infelizmente, muito mal, com muito poucos recursos e com muito pouco apoio por parte do Ministério da Saúde e da Direção Executiva do SNS”, explica. Conclui, depois, que, “se a proposta de criação de mais ULS for substancialmente diferente, podemos ter aqui uma oportunidade de melhorar aquilo que é, ostensivamente, um fracasso de reforma do SNS, que são as atuais ULS”.
Carlos Cortes lamenta que “a direção executiva tenha sempre trabalhado nestas matérias em secretismo, nunca envolvendo os parceiros” do setor. Por isso, o Bastonário da Ordem dos Médicos espera conhecer mais pormenores na reunião que vai manter com Fernando Araújo na próxima semana.
Uma reforma para os utentes que não resolve a falta de médicos
Já o presidente da Associação de Médicos de Saúde Pública acredita que o novo modelo vai permitir uma resposta mais rápida e de maior proximidade para os utentes, “com a maior proximidade entre hospitais e centros de saúde”. No entanto, Gustavo Tato Borges alerta que não irá resolver “o problema da falta de profissionais” no SNS. Este responsável explica que “esta mudança na organização está centrada na prestação de cuidados ao utente e na maior rapidez e articulação entre diferentes níveis de cuidados, beneficiando o cidadão que está com alguma necessidade de saúde”.
Gustavo Tato Borges elogia o facto de o novo modelo ter uma ampla cobertura nacional, uma vez que “este número de ULS, em princípio, deve cobrir o país todo”.