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Portugal pode atingir a imunidade de grupo no início de agosto, apontou o vice-almirante Gouveia e Melo, coordenador da "task force" para o Plano de Vacinação contra a Covid-19 em Portugal, na conferência do Infarmed esta segunda-feira.
Gouveia e Melo disse esperar um reforço de vacinas no 2º e 3º trimestres que permitirá acelerar o processo de vacinação e, eventualmente, chegar a 70% da população em agosto.
“No primeiro trimestre a disponibilidade de vacinas é
reduzida e o modelo tem aí o estrangulamento, no segundo trimestre desaparece
esse estrangulamento e podemos fazer uma média 100 mil administrações por dia e
a administração de vacinas precisa de estar robusta e suficientemente apta para
acompanhar estes ritmos”, disse Gouveia e Melo.
Até ao dia de hoje, 22 de fevereiro, Portugal já recebeu um milhão de doses da vacina para a Covid-19. Cerca 4,5% da população recebeu pelo menos uma dose e 2,7% tem o processo de vacinação completo.
Cuidados Intensivos: “Capacidade enganadora”
“A situação da medicina intensiva em Portugal ainda é muito frágil”, porque depende ainda de recursos humanos que não são especificamente dessa área, frisou João Gouveia, da Coordenação da Resposta em Medicina Intensiva.
“É preciso completar as obras em curso e principalmente
assegurar recursos humanos com a realização de concursos e a contratação de
enfermeiros para a medicina intensiva”, disse.
João Gouveia disse que, de acordo com as previsões, será possível chegar ao “novo normal da medicina intensiva” – 245 em UCI – no final da terceira semana de março, mas apenas se “todos os pressupostos” se cumprirem.
A resposta dada pelas UCI nos últimos meses só foi possível com “muito esforço” e ocupando espaços que não deveriam estar ocupados com medicina intensiva.
A atual capacidade de resposta não pode ser mantida por muito mais tempo, avisou. Para tal, seria preciso contratar 448 médicos e 1273 enfermeiros.
“Agitação”, níveis de confiança voltam a subir
Os portugueses estão a pagar uma grande fatura de saúde mental por causa da Covid-19. “Quase todos os dias se sentiram agitados ou ansiosos um em cada quatro portugueses”, revelou Carla Nunes, da Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade Nova de Lisboa.
Apesar deste indicados, a perceção negativa sobre medidas de restrição atingiu "valores mais baixos da pandemia" Em janeiro 68,9% das pessoas dizia que estas era pouco ou nada adequadas. Neste momento, apenas 50% dizem o mesmo.
Ao mesmo tempo, o nível de confiança nos serviços de saúde, entre doentes Covid e não-Covid, também está a recuperar. A 21 de janeiro, 55,7% dos doentes Covid esta “pouco ou nada confiante”. Agora, são apenas 34,3%.
R em queda
“Portugal apresenta agora o valor mais baixo do R(t) da Europa”, revelou Baltazar Nunes, do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA), na conferência.
O índice de contágio é de 0,67. “O mais baixo desde o início da epidemia.” O valor encontra-se abaixo de 1 em todo o continente e regiões autónomas. “Se continuarmos, é possível continuar a descer a uma velocidade acentuada”, disse.
Com as medidas de confinamento houve uma redução do número de contágios, mas o fecho das escolas teve impacto. O efeito então foi “mais homogéneo”, notou Baltazar Nunes.
Variante do Reino Unido responsável por quase 50% das infeções
Desde 1 de dezembro, o laboratório da Unilabs detetou 10 mil casos de Covid-19 provocados pela variante do Reino Unido.
Na conferência do Infarmed, João Paulo Gomes, do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA), estimou que já tenham ocorrido em Portugal cerca de “150 mil casos” da variante inglesa entre o último mês do ano passado e 21 de fevereiro.
Na semana sete do novo confinamento cerca de 48% dos casos foram causados pela variante inglesa e “não tem mostrado tendência crescente”.
“Quando desconfinarmos, esta variante não vai desaparecer”, avisou. O especialista admitiu mesmo a possibilidade “um novo crescimento exponencial”. “É mais do que natural”, disse.
João Paulo Gomes revelou também que já foram detetados em Portugal quatro casos da variante da África do Sul e sete casos da variante de Manaus.
No caso da variante brasileira, há uma pequena boa notícia: apesar de serem sete casos, são dois clusters familiares, a mesma cadeia de transmissão, sublinhou.
Evolução da incidência e transmissibilidade
André Peralta Santos, diretor de Serviços de Informação e Análise da Direção-Geral da Saúde, assumiu que, nos últimos quinze dias, registou-se em Portugal uma “descida bastante acentuada” do número de infetados com Covid-19.
Segundo o especialista, a incidência do novo coronavírus está a diminuir em todas as regiões do país, mas Lisboa e Vale do Tejo continua a ser a zona com “mais casos”.
Na região norte do país, regista-se neste momento cerca de 240 casos por 100 mil habitantes – um número igual ao de meio do mês de outubro do ano passado. Para André Peralta Santos, trata-se de um “indicador bastante positivo”:
Já em Lisboa e Vale do Tejo, a incidência é ainda de 480 por 100 mil habitantes.
André Peralta Santos revelou ainda que a variante do Reino Unido tem uma maior prevalência em Lisboa e Vale do Tejo. Relativamente ao Alentejo e Algarve, queixou-se de falta de dados.