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Sanções são a última coisa de que Portugal e Espanha precisam. É a opinião do secretário-geral da OCDE, que esta sexta-feira abriu o Forum Global para a Produtividade.
Angel Gurría defende que sanções não é o caminho nem a estratégia certa para o crescimento.
“A última coisa de que precisamos é que a Comissão venha falar em sanções para países que se terão desviado 0,2% de um caminho de redução do défice. Os desafios são tais que nós dissemos, ainda antes da crise dos refugiados e do Brexit, que devíamos mudar de estratégia”, começou por dizer.
“Dissemos que a forma de conseguir maior crescimento era poder investir mais e não menos. Investir em infraestruturas de longo prazo, humanas, de aprendizagem, de conhecimento para depois podermos ter um crescimento que até permita uma redução do défice”, acrescentou.
Para Angel Gurría "criar divisões" através da aplicação de sanções seria um erro, razão pela qual defende uma mudança de estratégia na Europa.
“Temos aconselhado – e há vozes interessantes, como a do FMI, que se tem juntado a esta posição – que a resposta a este tipo de questões seja a flexibilidade, não sanções”, afirmou em Lisboa.
O Fórum Global para a Produtividade é este ano pela primeira vez organizado na capital portuguesa e tem como tema “Reformas Estruturais que contribuam para o Crescimento da Produtividade”.
Presente na iniciativa da OCDE está também o ministro das Finanças, Mário Centeno, que não se pronunciou sobre o tema das sanções.
Já o comissário europeu Carlos Moedas espera que a decisão sobre Portugal e Espanha seja inteligente e política e tenha em conta os sacrifícios feitos pelos portugueses nos últimos anos.
“Portugal merece reconhecimento por esses sacrifícios”, defende.
É na próxima terça-feira que o Conselho de Ministros das Finanças da União Europeia (Ecofin) se vai pronunciar sobre os processos de sanções a Portugal e Espanha devido aos défices excessivos.
Caso confirme o parecer da Comissão Europeia, esta terá um prazo de 20 dias para recomendar o montante da multa a aplicar, que pode ir até 0,2% do Produto Interno Bruto (PIB).
O Governo português já fez saber que se baterá "até ao último minuto" contra a aplicação de sanções.