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A desinformação e a censura também têm feito vítimas durante a pandemia, acusa a Amnistia Internacional (AI), e os responsáveis são, entre outros, os governos e as redes sociais.
Num relatório publicado esta terça-feira a Amnistia diz que “durante a pandemia os governos lançaram um ataque sem precedentes contra a liberdade de expressão, limitando gravemente os direitos pessoais. Foram afetados canais de comunicação, censuradas redes sociais e encerrados órgãos de comunicação social, com um impacto severo na capacidade do público de aceder a informação crucial sobre como lidar com a Covid-19”.
Rajat Khosla, da AI, diz ainda que “no meio da pandemia foram silenciados e detidos jornalistas e profissionais de saúde. O resultado é que as pessoas não têm conseguido aceder a informação sobre a Covid-19, incluindo sobre como se protegerem a si e às suas comunidades. Cerca de cinco milhões de pessoas morreram por causa da Covid-19 e é provável que a falta de informação tenha sido um fator significativo”.
A AI pede no relatório "Silenciados e Desinformados: Liberdade de Expressão Ameaçada Durante a Covid-19" que os estados não se aproveitem da pandemia para silenciar o jornalismo independente e refere casos concretos como o de Zhang Zhan, uma cidadã jornalista que viajou para Wuhan em Fevereiro de 2020 para cobrir o surto de Covid-19 mas acabou por ser detida e condenada a quatro anos de prisão por “provocar problemas”.
Entre os países apontados diretamente pela AI encontram-se a Rússia, Tanzânia e a Nicarágua. No caso da Rússia a organização recorda que em abril de 2020 o país alargou o âmbito das suas leis “anti-fake news” para silenciar críticos.
“É evidente que as restrições aplicadas por causa da Covid-10 não são medidas extraordinárias e temporárias para lidar com uma crise passageira. Fazem parte de um ataque aos direitos humanos que tem tido lugar a nível global nos últimos anos, tendo os governos encontrado uma nova desculpa para agravar o seu assalto à sociedade civil”, diz Rajat Khosla.
Já a Tanzânia, diz o relatório, tem aproveitado a crise para introduzir uma série de leis usadas para silenciar jornalistas, defensores dos direitos humanos e membros da oposição, ao mesmo tempo que negava a existência do vírus no seu território.
Mas a Amnistia também aponta o dedo às redes sociais que permitem a disseminação de informação falsa sobre a Covid, devido aos algoritmos que divulgam artigos populares sem verificar convenientemente a veracidade dos conteúdos.
“Da mesma forma que estamos a pressionar os governos e com as farmacêuticas para garantir que as vacinas sejam distribuídas e tornadas acessíveis a toda a gente, em todo o mundo, também as redes sociais devem garantir aos cidadãos acesso sem restrições a informação correta, com bases científicas”, diz Khosla.