Fernando Santos frisou, esta terça-feira, que a seleção não pode limitar-se a sonhar com vencer o Mundial 2022. Primeiro, tem de concentrar-se totalmente no apuramento, não vá o sonho tornar-se em pesadelo.
Portugal arranca, na quarta-feira, frente ao Azerbaijão, em Turim, Itália, a fase de qualificação para o Mundial do Qatar. Questionado se o sonho é vencer a competição, o selecionador foi taxativo: "Eu não sonho."
"As coisas não podem colocar-se ao nível do sonho. Sonhar é importante, mas o fundamental é acreditar que o sonho é possível e que é possível concretizá-lo. Se só sonharmos, podemos acordar e ser um pesadelo. Portugal tem qualidade para lutar por qualquer prova em que participa. Para se poder chegar às fases finais e depois poder procurar a concretização do objetivo, temos de lá estar. Dar como adquirido que lá vamos estar é um erro tremendo. Há que ter foco total e absoluto nestes jogos de apuramento", sublinhou, em conferência de imprensa.
Contornar defesas e ruído
Fernando Santos admitiu que ter três jogos oficiais em março, que costuma ser "janela de jogos particulares, de preparar a fase final de uma grande competição", "é completamente diferente" do habitual e afeta a preparação. Ainda para mais "porque o ruído de fora tem muito a ver com outra competição", o Euro 2020, em vez do apuramento para o Mundial.
"Num grupo que só tem oito jogos, cada jogo é uma final. Reconhecemos a condição de favoritos, neste jogo com o Azerbaijão, mas se não estivermos totalmente focados, se não respeitarmos o adversário, se em campo não pusermos todas as nossas mais-valias, toda a nossa qualidade, podemos ter problemas, porque na teoria é tudo muito bonito, mas a teoria não dá pontos. Os pontos ganham-se na prática. Tenho confiança total nos meus jogadores", assegurou o selecionador.
O Azerbaijão vai criar dificuldades a Portugal, por jogar "em 35, 40 metros" e por ter "um treinador que trabalha bem as equipas ao nível do contra-ataque". Ainda assim, pegando nas palavras de Rúben Dias, Fernando Santos salientou: "O grande desafio somos nós próprios."
"O Azerbaijão jogará numa linha baixa, a tentar limitar os espaços, muita gente na zona frontal. Dificilmente teremos situações de contra-ataque. Vamos encontrar um muro fixo e há que, com imaginação, fazer boa circulação da bola, sempre com o objetivo claro de finalização, sem sermos surpreendidos no contra-ataque. É importante estarmos muito fortes e concentrados na transição defensiva", avisou.
Responder à ausência de Pepe
Portugal não poderá contar com Pepe, um dos capitães e o líder da defesa. Fernando Santos reconhece a qualidade de Pepe, contudo, "a partir de determinado momento, só fazem falta os que cá estão".
Quanto a Nuno Mendes, que perante a dispensa de Raphael Guerreiro, devido a lesão, poderá ter de ser titular, o selecionador nacional foi claro: o lateral-esquerdo do Sporting tem a sua total confiança.
"Qualquer jogador que aqui está convocado é porque eu confio e merece estar aqui na seleção. Qualquer um está apto a jogar na seleção, à exceção do Raphael que não pode", sustentou Fernando Santos.