O primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, pediu esta segunda-feira a abertura de uma investigação à Igreja da Unificação, acusada de ligações ao partido no poder e de interferência na vida política do país.
Kishida ordenou ao Ministério da Educação, Cultura, Desporto, Ciência e Tecnologia que inicie uma investigação à igreja, com base na Lei das Sociedades Religiosas japonesa.
O Ministério sublinhou que uma investigação no âmbito desta lei seria algo "sem precedentes", mas a ministra Keiko Nagaoka garantiu que pretende “começar imediatamente”, segundo a agência de notícias japonesa Kyodo.
A Lei das Sociedades Religiosas tem disposições que permitem às autoridades ordenar a dissolução de qualquer corporação religiosa, de acordo com os resultados de uma investigação.
Caso tal aconteça, a Igreja da Unificação poderia continuar a operar como uma organização religiosa, mas iria perder os benefícios fiscais de que atualmente usufrui.
Kishida tem sido criticado em virtude da controvérsia que se prolonga há várias décadas sobre as ligações estreitas entre o antigo líder japonês Shinzo Abe e o Partido Liberal e Democrata com a Igreja da Unificação, instituição acusada de controlar dirigentes políticos através de "donativos".
O presumível assassino de Abe, morto em julho, afirmou depois de ter sido detido que tinha visado o antigo primeiro-ministro pelas alegadas ligações com a Igreja da Unificação, também conhecida como o culto da Lua.
Tetsuya Yamagami culpou a igreja de ter "roubado" dinheiro à própria mãe e de lhe "ter corrompido a família", arruinando-lhe a vida.
"As eventuais ligações entre o Partido Liberal e Democrata e a Igreja da Unificação são encaradas pelos japoneses como a maior ameaça à democracia", escreveu em Setembro Jiro Yamaguchi, professor de Política na Universidade Hosei citado pela agência de notícias Associated Press.
O avô de Abe, o ex-primeiro-ministro Nobusuke Kishi, ajudou a Igreja da Unificação, original da Coreia do Sul, a implantar-se no Japão.
Para a oposição, o funeral de Abe, de Estado, com honras militares, realizado a 27 de setembro, provou a relação entre o partido no poder e a igreja.