O Papa Francisco encontrou esta manhã, no final da audiência geral no Vaticano, uma sobrevivente do holocausto que foi deportada para Auschwitz-Birkenau quando tinha apenas três anos. Inesperadamente beijou o braço de Lidia Maksymowicz, onde estava tatuado o seu número de prisioneira.
Enquanto criança passou vários anos no “bloco das crianças”, tendo sido submetida às experiências do médico Mengele, conhecido como o “Anjo da Morte de Auschwitz”.
Junto do Papa recordou o terror em que viviam, sempre que o médico entrava no cárcere e as chamava pelo número identificativo do braço.
No final da audiência, a sobrevivente saudou Francisco e levantou a manga da camisa. Quando o Papa viu a tatuagem com o número de prisioneira do campo de concentração beijou-lhe o braço e Lídia, comovida, ofereceu-lhe o lenço que trazia ao pescoço.
O percurso da vida desta mulher, agora com 80 anos, inspirou o documentário “70072, a menina que não sabia odiar”, recentemente apresentado em Itália, razão pela qual Lidia veio a Itália.
A sobrevivente permaneceu em Auschwitz-Birkenau até ser libertada pelo Exército vermelho e viria a ser acolhida por uma família polaca de Oswiecim.
“A oração não é uma varinha mágica, mas um diálogo”
Na catequese desta quarta-feira, o Papa alertou para “o risco de transformar a nossa relação com Deus em algo mágico”. Francisco afirmou que “a oração não é uma varinha mágica, é um diálogo com o Senhor. De facto, quando rezamos, podemos cair no risco de não sermos nós a servir Deus, mas de pretender que seja Ele a servir-nos”.
O Papa sublinhou que “na oração, é Deus que nos deve converter, e não nós que devemos convertê-Lo”. Por isso, há que ser humilde e rezar, “pedindo a Deus que converta o nosso coração e pedir-Lhe o que é conveniente e o que é melhor para a minha saúde espiritual.”
Sobre a incompreensão e até escândalo que surge “quando os homens rezam com coração sincero, quando uma mãe reza por um filho doente e às vezes Deus parece não ouvir”, Francisco reconhece que todos tivemos esta experiência. “Quantas vezes pedimos uma graça, um milagre e nada aconteceu, mas depois, com o tempo, as coisas ajustaram-se, segundo o modo de Deus, o modo divino, e não segundo o que eu queria naquele momento.”
“O tempo de Deus não é o nosso tempo.”
Ainda sobre a constante necessidade de conversão, o Papa afirmou ser “fácil escrever num estandarte ‘Deus está connosco’, mas poucos se preocupam em verificar se estão realmente com Deus. Na oração, é Deus que nos deve converter, não nós que devemos converter Deus.”