O alerta é feito pelas Nações Unidas: a limpeza étnica da minoria muçulmana rohingya continua no estado de Rakhine, no oeste de Myanmar (antiga Birmânia), de onde mais de 700 mil pessoas fugiram desde agosto para o vizinho Bangladesh.
Segundo o assistente do secretário-geral da ONU para os Direitos Humanos, apesar de o grau de violência ter diminuído, as forças de segurança continuam a cometer assassínios, violações, torturas, sequestros e a negar alimentos a elementos daquela etnia.
"Parece que a violência generalizada e sistemática contra os rohingya persiste", disse Andrew Gilmour num comunicado emitido após a sua visita aos campos de refugiados no Bangladesh.
"A natureza da violência mudou para uma campanha de terror de baixa intensidade e fome forçada que parece ter sido elaborada para empurrar os rohingya que ainda estão em suas casas em direção ao Bangladesh", acrescentou.
Para o responsável, nas atuais condições, "o retorno seguro, digno e sustentável é impossível".
O Bangladesh e Myanmar assinaram um acordo para começar a repatriar os refugiados em finais de janeiro deste ano, mas Dacca suspendeu-o à última hora.
Myanmar não reconhece a cidadania aos rohingya, que considera imigrantes bengalis, e submete-os desde há décadas a todo o tipo de discriminações, incluindo restrições à liberdade de movimentos e ao acesso ao mercado de trabalho.
A ONU e várias organizações de direitos humanos têm denunciado os crimes cometidos pelo exército birmanês na ofensiva que iniciou no norte de Rakhine, em resposta ao assalto armado de um grupo rohingya rebelde a 25 de agosto.