O estado de Israel nasceu em 1948, há 75 anos. Hoje Israel é um país altamente desenvolvido, capaz de grandes avanços científicos e tecnológicos. Mas é também uma democracia cada vez mais ameaçada.
A questão com os palestinianos já conheceu melhores dias, quando parecia viável um estado palestiniano, ao lado do estado israelita. No confronto com os palestinianos Israel prevalece hoje pela sua superior força militar. E a multiplicação de colonatos fora das suas fronteiras significa que um estado palestiniano deixou de ser uma possibilidade.
A maior ameaça à democracia israelita, única no Médio Oriente, não vem de fora, mas do interior da sociedade israelita. É crescente a influência dos judeus ultra ortodoxos na vida política do país. Desde logo, o conjunto dos ultra ortodoxos cresce mais do que o resto da população israelita, graças à fertilidade das suas mulheres. Estas têm, em média, cerca de sete filhos, uma quantidade muito superior à das outras mulheres judaicas. Algumas previsões apontam para que os árabes israelitas e os ultra ortodoxos, que agora em conjunto já representam um terço da população de Israel, sejam em 2065 a maioria da população daquele país.
O problema é que Netanyahu, atual primeiro-ministro não só estimula os colonatos judaicos em terras palestinianas e liquida qualquer hipótese de processo de paz com os palestinianos, como acolhe na sua coligação governamental forças políticas religiosas, ultra ortodoxas, cada vez mais agressivas. São essas forças que impulsionam certas reformas, como a retirada de poder ao Supremo Tribunal – reformas que têm levado a gigantescas manifestações dos israelitas que receiam pelo futuro da sua democracia. Netanyahu adiou a concretização dessas reformas, mas insiste em levá-las por diante.
A atual tendência autoritária, se não mesmo antidemocrática, da política em Israel está a levar a um certo afastamento dos israelitas, e descendentes deles, que vivem nos Estados Unidos. Para Israel perder o apoio dos EUA seria um grave abalo na sua segurança.