Arquivo CUF. Portal ajuda a conhecer a história económica e social do país no séc. XX
22-02-2023 - 23:04
 • Ana Carrilho

O arquivo, que o coordenador Álvaro Ferreira da Silva classifica como “raro, valioso e inimitável”, estende-se por mais de 2,5 quilómetros num espaço alugado na Baía Tejo, no Barreiro.

A Fundação Amélia de Melo lançou um portal que permite, tanto a investigadores como ao público em geral, o acesso a cerca de 240 mil registos de documentos sobre a vida e a atividade da CUF, o grupo empresarial fundado por Alfredo da Silva em finais do séc. XIX.

O secretário-geral da Fundação Amélia de Melo, Jorge Quintas, disse à Renascença que a documentação disponibilizada resulta do tratamento feito por uma equipa de especialistas da NOVA SBE, desde 2018. “Os investigadores receberam 4,5 quilómetros de documentos que depois foram selecionados, inventariados e catalogados.

O arquivo, que o coordenador Álvaro Ferreira da Silva classifica como “raro, valioso e inimitável”, estende-se por mais de 2,5 quilómetros num espaço alugado na Baía Tejo, no Barreiro.

Com um grande investimento no portal, todos os que quiserem podem ter acesso gratuito a cerca de 46 mil documentos, 50 mil fotografias e 135 mil plantas de edifícios e desenhos técnicos.

A documentação abrange diversas áreas: desde as opções industriais e comerciais, às fichas dos trabalhadores, a obra socila do Grupo CUF ou a arquitetura.

“A obra social da CUF está toda documentada. Por exemplo, o Parque desportivo que existe em Santa Bárbara, no Barreiro ou Lavradio; fotografias e informação sobre a Colónia de Férias de Almoçageme onde todos os anos cerca de 2.000 crianças e jovens, filhos dos trabalhadores, passavam uma semana de férias. Também há documentos sobre os bairros sociais (que no Barreiro passou por três fases, a última das quais, com o Bairro Novo construído já fora do perímetro industrial) o supermercado em que todos os empregados se abasteciam. Na vila da Margem Social, o centro mais icónico do Grupo CUF, chegaram a trabalhar cerca de 12.000 pessoas ou seja, cerca de um terço da população. O apoio aos trabalhadores da CUF incluía também escolas e serviços de saúde.

Alfredo da Silva foi um visionário e para quem quiser investigar a evolução económica e social de Portugal durante o século XX, a história da CUF é incontornável nesse trabalho, diz Jorge Quintas.