O acesso à página de internet do opositor do Kremlin Alexeï Navalny foi esta quinta-feira bloqueado por ordem da autoridade russa de controlo da comunicação social, a pedido de um multimilionário alvo recente de uma investigação sua.
O 'site' continua ainda acessível através de alguns operadores de acesso à internet, mas é temporário", acrescentou.
O bloqueio do blog de Alexeï Navalny ocorreu menos de uma semana após a publicação de um vídeo acusando o influente vice-primeiro-ministro russo, Sergei Prikhodko, de beneficiar da generosidade do multimilionário Oleg Deripaska.
Este exigiu, em seguida, que todas as informações relativas à sua vida privada, nomeadamente um vídeo em que aparecia com um homem parecido com Prikhodko no seu iate, sejam retiradas da internet e da comunicação social que fez cobertura do caso.
Numa mensagem de correio eletrónico enviada à agência de notícias francesa AFP, um porta-voz do magnata russo precisou hoje que "o pedido do senhor Deripaska visa proteger o seu direito à vida privada e não tem nada que ver com qualquer combate político entre o senhor Navalny e os seus opositores".
"Não tendo sido a fonte principal da fuga de informações privadas, o senhor Navalny não é parte envolvida neste caso. Além disso, a queixa não o impede de realizar a sua própria investigação, na condição de não utilizar informações pessoais do senhor Deripaska", acrescentou o porta-voz.
Alexeï Navalny, que fez do combate à corrupção o seu 'leitmotiv', escreveu ter recebido no sábado um aviso da Roskomnadzor convidando-o a "suprimir todo" o conteúdo do seu blog, registado como "'site' contendo informações cuja difusão na Rússia é proibida".
A Roskomnadzor tinha confirmado junto das agências noticiosas russas que uma "decisão de um tribunal russo a obrigava a tomar medidas para bloquear o acesso à informação divulgada" pelo 'site' de Alexeï Navalny.
Dois vídeos que constituem elementos-chave da investigação de Navalny desapareceram na noite passada da rede social Instagram, onde tinham sido originalmente publicados.
Oleg Deripaska tinha classificado as acusações do opositor como "insultuosas e falsas" e prometido defender "a sua honra e a sua dignidade na Justiça".
O bloqueio da página de Alexeï Navalny acontece quando falta pouco mais de um mês para as eleições presidenciais, agendadas para 18 de março, das quais foi afastado pela Comissão Eleitoral devido a uma condenação judicial que denunciou como fabricada, passando a apelar ao boicote do escrutínio.
A 28 de janeiro, alguns milhares de russos, dos quais mais de 4.000 em Moscovo, responderam à sua convocatória e saíram à rua para protestar. Quase 300 pessoas foram detidas, entre as quais o próprio Navalny, segundo a organização não-governamental russa OVD-Info.
O apelo aos protestos foi sobretudo divulgado através das redes sociais, como Facebook, Vkontakte (o equivalente russo do Facebook), Telegram e ainda o Twitter, que o opositor adora.
O 'site' de Alexei Navalny já tinha sido bloqueado em março de 2014, alguns dias após manifestações em Moscovo contra a anexação da península ucraniana da Crimeia.