O Cardeal Marc Ouellet lamentou esta terça-feira que muitos líderes políticos se fechem ao diálogo e à paz e apelou aos migrantes e refugiados que sejam eles mesmos missionários da paz.
Na homilia desta peregrinação nacional do migrante e refugiado, em Fátima, o Prefeito da Congregação para os Bispos considerou que apesar de ser “contemporânea da primeira guerra mundial e do seu epílogo revolucionário na Rússia, a mensagem de Fátima permanece mais atual do que nunca, porque nuvens carregadas pairam sobre o planeta e nós não sabemos o que nos reserva o amanhã.”
“Ainda que o Santo Padre venha multiplicando as iniciativas e assumindo a defesa dos mais vulneráveis, muitos são os líderes políticos que se fecham cada vez mais ao diálogo, à compaixão e à paz”, alertou o Cardeal, admitindo que “sentimo-nos totalmente impotentes na conjuntura atual da história”, pelo que “levantamos o nosso olhar para Nossa Senhora”.
“O nosso olhar sobre Maria e o olhar de Maria sobre nós”, salientou Marc Ouellet, “fazem de nós novas criaturas, homens e mulheres de esperança, peregrinos que, de repente, sentem que o fardo é mais leve, pobres que, repentinamente, param de se queixar e começam a ter compaixão pelos que são mais vulneráveis e sofredores.”
Reconhecendo que “pode parecer excessivo pedir a pessoas desprovidas de quase tudo que sejam missionárias”, o cardeal perguntou aos presentes “o que levaremos aos nossos irmãos e irmãs quando regressarmos desta peregrinação? Lembranças? Objetos?” E respondeu “sim, haverá certamente lugar para tudo isto, mas também para nos decidirmos tornar apóstolos ativos ao serviço do Príncipe da Paz”, pois “não somos nós ricos de fé e de esperança?”
Por isso, pediu que os peregrinos retomassem o seu caminho “com um espírito novo e novas energias para transformar os infortúnios e buscas em aventura missionária”, pois “somos capazes de uma caridade que será cada vez mais fervorosa, mais paciente e criativa, para que encontremos a nossa alegria e a nossa salvação não apenas quando as nossas preces são atendidas, mas também na alegria de servir os nossos irmãos e irmãs”.
Subordinada ao tema “Não são apenas migrantes”, esta peregrinação nacional do migrante e refugiado esteve inserida na peregrinação aniversária de agosto que trouxe ao Santuário de Fátima milhares de peregrinos, muitos deles emigrantes portugueses que se encontram de férias no país.