A CGTP insiste que os aumentos salariais 4,8% por ano, propostos pelo Governo na Concertação Social, são “manifestamente insuficientes”.
No final da reunião desta quarta-feira, na sede do Conselho Económico e Social, Isabel Camarinha disse aos jornalistas que o tema vai continuar a ser discutido.
No entanto, a líder da CGTP defendeu que as propostas de aumentos se inserem “numa política de contas certas que não se justifica”.
Do lado da UGT, Mário Mourão adota um discurso menos crítico e lembra que a proposta do Governo “é um documento de partida e não um documento de chegada”.
No entanto, numa apreciação global à proposta do Executivo apresentada aos parceiros sociais, o secretário-geral da UGT admite que “há coisas que ainda não estão lá e nós gostávamos que estivessem”.
Mário Mourão garante que não vai viabilizar o Acordo de Rendimentos “a qualquer preço” e que o objetivo desta negociação será alcançar “um acordo que permita aos trabalhadores recuperar o poder de compra perdido nos últimos tempos”.
Patrões de acordo: “não há condições”
Do lado dos patrões, o presidente da CIP considera impraticável a concretização da proposta de aumentos salariais de 4,8% anuais até 2026.
“Desejaríamos que a política salarial pudesse, sustentadamente, absorver esses valores”, reconhece António Saraiva que, contudo, alerta para a “tempestade perfeita” que as empresas enfrentam, com “tesourarias exauridas, brutais aumentos de fatura energética e de matérias-primas”.
Saraiva defende que, neste quadro, a prioridade deveria ser “garantir a sustentabilidade das empresas, a sua viabilidade” para que seja possível assegurar o aumento sustentado das remunerações no futuro, sem sobressaltos para as empresas.
Já do lado da CCP, João Vieira Lopes avisa que a proposta do Governo “não é uma base aceitável para um acordo”, porque “não prevê o ajustamento à evolução da economia”.
No que toca ao alívio fiscal para as empresas, Vieira Lopes critica o que diz ser a falta de ambição do Governo: “Neste momento, tendo em conta a retração da economia prevista para o ano, precisamos de medidas transversais a toda a economia e não apenas para determinadas faixas de empresas”.
Francisco Calheiros, presidente da Confederação do Turismo de Portugal (CTP), notou que este documento “ainda está numa fase muito embrionária” e que “as propostas não estão muito quantificadas”. “Há uma série de linhas gerais e há muito trabalho a fazer”.