O Conselho de Redação (CR) da TSF denuncia que a administração da Global Media, que detém a rádio, indicou que todos os programas "com participação de colaboradores externos à TSF" fiquem "suspensos da antena".
Tratam-se, por exemplo, dos programas "Café Duplo", "Não Alinhados" e o "Bloco Central". O programa "Ministério do Futuro" já tinha terminado por decisão dos convidados habituais Graça Fonseca e Miguel Poiares Maduro, invocando que os pressupostos que levaram à sua criação deixam de existir na TSF.
Em comunicado, o CR refere que a administração indica que se trata de uma medida para preparar a entrada de uma nova direção da TSF.
"Significa isto que, num curto espaço de tempo, temos mais um ato inédito na história da TSF: a somar à razia entre os trabalhadores, junta-se agora uma razia na antena. Nunca a TSF esvaziou a programação antes da entrada de uma nova direção e muito menos por decisão imposta pela administração", lê-se no texto.
O CR da rádio informativa diz que a decisão "choca com todos os princípios pelos quais um orgão de comunicação social deve reger-se numa sociedade democrática".
"As decisões editoriais - como sucedeu sempre na TSF - são responsabilidade da direção com o respetivo pelouro. Não é admissível uma ingerência da administração que, tal como esta, coloca em causa a liberdade de ação de uma direção que, embora demissionária desde o dia 12 de dezembro, não fica com as suas capacidades editoriais eliminadas", defende, em comunicado.
"Ao suspender os programas, a intenção, como facilmente se conclui, é dar à futura direção uma antena praticamente vazia para ser construída uma grelha quase a partir do zero. Por outras palavras, a tal "refundação" a que o CEO da GMG aludiu publicamente. Uma grelha que, certamente, já será concebida para ser executada com menos 30 trabalhadores", considera, ainda.
O CR da TSF fala, igualmente, de um "assustador empobrecimento da antena" e acusa a administração da Globa Media de "prenteder assumir o controlo editorial" da rádio, até à entrada de uma nova direção.
"Na prática, a administração está já a abrir o caminho, por antecipação, ao que a futura direção será encarregue de concretizar", analisa.
No mesm comunicado, o CR indica que os jornalistas ficaram sem o serviço da agência AFP, "uma das ferramentas essenciais para o funcionamento de uma redação".
"É assim, com enorme preocupação e indignação, que os membros eleitos do CR constatam aquilo que pode definir-se como um processo de autodestruição da rádio que está a ser levado a cabo pela administração. Logo, não podem deixar de condenar expressamente a ingerência da administração que se tem processado", expressa o texto.