“É um caminho que não pode ser feito à pressa.” A presidente da Federação Portuguesa do Caminho de Santiago, Ana Rita Dias, diz à Renascença que estas rotas estão a ser vistas como potenciais fontes de lucro e defende que não se está a respeitar a “essência espiritual” deste trajeto.
A federação tenta promover este “momento de encontro com o próprio e com a natureza”, procurando enriquecer a experiência e dar apoio ao peregrino. Este itinerário religioso é, então, “um caminho cultural de união, paz, fraternidade e partilha - e não é, por isso, uma rota de turismo."
“O caminho de Santiago é um percurso de reencontro, valores e de união”, esclarece à Renascença o presidente da Associação Espaço Jacobeus, António Devesa.
Para o dirigente, quem se recusa a romper os sapatos na calçada e prefere se enfiar em táxis e autocarros, desrespeita a devoção de quem testa os limites nesta caminhada em nome do padroeiro e desvirtua os valores e o testemunho religioso desta experiência.
“Quando se fala em massificação corre-se o risco de prostituir o próprio caminho”, reprova António Devesa. Estes “peregrinos que se dizem peregrinos” vão, de tempo em tempo, fazendo paragens para colecionar carimbos suficientes enquanto se deslocam de viatura. “Andaram é a fazer turismo."
“Isso não é caminho, porque caminho é quando uma pessoa se encontra e lava a alma”, partilha.
Já quem conta quilómetros com as pernas chega, por vezes, a um albergue ou refúgio e já não tem espaço para descansar, acrescenta o presidente da Associação Espaço Jacobeus.
A “peregrinação jacobeia”, isto é, o culto ao apóstolo Santiago, discípulo de Jesus Cristo, faz parte da Rota Cultural Europeia e foi recordado na comemoração do 20º aniversário da Associação do Espaço Jacobeus.