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O último mês foi o junho mais mortal em 42 anos. O deputado Ricardo Baptista Leite, do PSD, diz que o Governo tem que explicar melhor as causas destes números, mas adianta que a falta de planeamento não ajuda.
“É fundamental que, ao contrário do que tem sido feito até agora, o Governo esclareça as causas. Nos últimos anos, quando estamos no inverno, a causa é atribuída a uma onda de frio e, quando estamos no verão, a causa é uma onda de calor”, sublinha o deputado, que também é médico.
Pelo menos desde 1980 que não morriam tantos portugueses num mês de junho. Só em junho de 2022, registaram-se 10.215 mortes em Portugal - uma subida de 26% face à média de mortes diárias entre 2009 e 2019, o intervalo de referência pré-Covid. É a primeira vez que o mês de junho regista mais de nove mil mortes.
Ricardo Baptista Leite diz que “estamos a falar de muitas mortes que podem ser evitáveis por via de intervenções de saúde pública e de prevenção”.
“A população, infelizmente, tem sido prejudicada por falta de prevenção, planeamento e intervenção do Governo”, afirma.
O deputado do PSD defende uma proteção dos mais velhos pelo Estado, através de medidas de emergência e a longo prazo.
“A população mais envelhecida tem objetivamente de ser protegida - e isso exige uma intervenção do Estado. O primeiro passo passa por identificar as pessoas em condições de vulnerabilidade e garantir que essas pessoas, nas suas condições de habitação e nas suas suas respostas de saúde, têm todos os meios necessários para mitigar os impactos desta onda de calor. Isto são medidas de emergência, de intervenção imediata. No longo prazo, temos de ter políticas de reforma da saúde - e que vá muito mais ao encontro de promover a saúde, bem-estar e qualidade de vida destas populações.”
O deputado do PSD pede que a identificação de idosos isolados feita para a vacinação deve ser aproveitada para responder em caso de ondas de calor.
“Havia muitos cidadãos que viviam em situações de absoluto isolamento. Termos identificado estas pessoas para a vacinação [Covid] deve ser utilizado agora para garantir que as respostas sociais e de saúde vão diretamente ao seu encontro. Num contexto de emergência, como é o caso de uma onda de calor desta dimensão que coloca as pessoas em risco, devíamos ter equipas próprias para verificar se as suas condições de habitabilidade, por exemplo, as colocam em risco”, afirma Ricardo Baptista Leite.