O Conselho Disciplinar do Sul da Ordem dos Médicos ainda não tomou decisão sobre o obstetra de Setúbal que não detetou malformações graves num bebé, Artur Carvalho, por falta de informação e do parecer do colégio da especialidade.
"Ainda não temos os dados todos. Em dois processos falta-nos o parecer do colégio de especialidade. Nos outros dois ainda não recebemos informações das instituições envolvidas", disse à agência Lusa o presidente do Conselho Disciplinar do Sul da Ordem dos Médicos, Carlos Pereira Alves, pouco depois de terminar uma reunião do órgão a que preside, realizada esta terça-feira em Lisboa.
"Os processos estão a andar, com caráter de urgência, mas ainda nos faltam esses dados para tomarmos decisões", acrescentou Carlos Pereira Alves, lembrando que a próxima reunião do Conselho Disciplinar do Sul da Ordem dos Médicos está prevista para dia 7 de janeiro de 2020.
O presidente do Conselho Disciplinar do Sul da Ordem dos Médicos salientou, no entanto, que o obstetra Artur Carvalho já foi suspenso por seis meses pela Ordem dos Médicos, e mostrou-se convicto de que haverá uma decisão sobre o médico em causa antes de terminar esse período de suspensão.
O obstetra Artur Carvalho, que não detetou malformações graves num bebé que acabou por nascer sem rosto, no início do mês de outubro, em Setúbal, tem quatro processos pendentes no Conselho Disciplinar do Sul da Ordem dos Médicos, pelo menos um deles desde 2013.
O caso mais recente é o de um bebé que nasceu sem olhos, sem nariz e sem parte do crânio, no dia 7 de outubro, no Hospital de São Bernardo, em Setúbal, sem que tivesse detetado qualquer malformação nas ecografias realizadas durante o acompanhamento da gravidez da mãe da criança, num clínica privada de Setúbal.
Segundo a Ordem dos Médicos, as ecografias obstétricas têm um tempo padrão estabelecido de cerca de 40 minutos, de acordo com o regulamento publicado em setembro deste ano, mas as mães de algumas crianças que nasceram com malformações e que foram acompanhadas pelo médico Artur Carvalho dizem que não demoravam mais de 10/15 minutos a fazer o referido exame.
Após a denúncia do caso do bebé sem rosto pela comunicação social, soube-se que foram instaurados mais de 1.070 processos disciplinares a médicos em 2018 e que 45 clínicos foram condenados, a maioria a penas menores, de censura ou advertência, e apenas 13 foram suspensos, mas nenhum expulso.