A Federação Nacional de Professores estima que, neste arranque de ano letivo, haja 92 mil alunos sem pelo menos um professor. Este número representa um aumento de 15% em relação ao ano passado, segundo a Fenprof.
Numa conferência de imprensa na sede do sindicato, esta segunda-feira, o secretário-geral da Fenprof, Mário Nogueira, fala num ano letivo que "começa mal" e que tem tendência a agravar-se, pelo facto de muitos professores se reformarem nestes primeiros meses.
Em relação aos professores colocados, a Fenprof denuncia que há docentes sobrecarregados que chegam a ter 400 alunos ou 10 turmas para lecionar.
"Não abrimos mão" do descongelamento
A Federação Nacional de Professores criou um simulador para calcular o prejuízo salarial provocado pelo congelamento do tempo de serviço dos professores.
A título de exemplo, durante a conferência de imprensa, um dos sindicalistas presentes mostrou que, estando no 5.º escalão, e acumulando 30 anos de carreira, está a perder mais de 900 euros por mês no seu vencimento.
"Não abrimos mão disto", sublinha Mário Nogueira, que garante estar disposto a negociar com o Ministério da Educação.
A Fenprof critica ainda o processo de descentralização "que não resolveu o problema", nem na colocação de professores, nem no momento de assegurar a contratação de assistentes operacionais.
Queixas dos pais? "Alvo errado"
Questionado sobre as queixas das associações de pais, que avisam que não vão tolerar outro ano letivo marcado por sucessivas greves, Mário Nogueira afirma que os pais estão com "a mira errada" e que deveriam "acertar a mira".
O dirigente sindical acredita que as associações de pais estão solidárias com as causas dos professores e defende que, no ano passado, só houve seis dias de "greve a sério", ou seja, paralisações que contaram com uma grande adesão dos docentes.