O secretário-geral do PS, António Costa, sublinhou esta sexta-feira a "linha vermelha" para a extrema-direita, relativamente à qual "não tem hesitações como outros partidos", pedindo ação do Partido Socialista Europeu (PES) sobre o partido eslovaco liderado por Robert Fico.
"Enquanto líder de um partido político, que faz parte de um partido europeu", o PES, "é preciso ficar muito claro que se esse partido ou se mantém nesta família e não faz acordos com a extrema-direita ou faz acordos com a extrema-direita e sai", disse António Costa.
Em declarações aos jornalistas no final de uma cimeira europeia informal, realizada na cidade espanhola de Granada, o líder do PS confirmou uma carta enviada na quinta-feira ao presidente do PES, Stefan Löfven, grupo no qual os socialistas portugueses estão integrados.
"Como é sabido, temos uma regra muito fundamental para a extrema-direita, uma linha vermelha e, portanto, não temos hesitações que outros partidos têm, se fazem acordos com o Chega ou se não fazem acordos com o Chega. É uma angústia que nós não temos e, portanto não podemos fazer parte da mesma família política de outros partidos socialistas que possam ter dúvidas ou pretensões a entenderem-se com famílias políticas que são absolutamente incompatíveis connosco", justificou António Costa.
Dias depois da vitória de Robert Fico nas eleições legislativas da Eslováquia, candidato que ficou conhecido por posições mais extremistas como a oposição à ajuda à Ucrânia e que equaciona coligações com a extrema-direita, o secretário-geral do PS vincou que "cada país é absolutamente soberano na escolha dos seus dirigentes".
"Não tenho nenhum comentário a fazer e tenho que trabalhar com todos, independentemente de quem são", isto enquanto primeiro-ministro, ressalvou.
Uma "coisa completamente distinta" tem a ver com as famílias políticas, adiantou.
As eleições legislativas na Eslováquia do passado sábado confirmaram a fragmentação do cenário político interno, com sete partidos representados no parlamento e diversas perspetivas para a formação de um inevitável governo de coligação.
Na passada segunda-feira, a Presidente da Eslováquia, Zuzana Caputova, encarregou o nacionalista Robert Fico de formar Governo após a vitória do seu partido nas legislativas de sábado, apesar de necessitar do apoio de outras formações para recuperar o cargo de primeiro-ministro.
O partido Direção-social-democracia (Smer-SSD), de origem social-democrata e nacionalista, que durante a campanha se opôs ao envio de mais ajuda militar à Ucrânia -, garantiu mais de 23% dos votos nas eleições legislativas.
A Constituição não estabelece um prazo fixo para a formação de um Governo, mas após o anúncio da sua formação deverá ser submetido a votação pelo Parlamento no prazo máximo de 30 dias.