O Governo “não vai ficar sem escrutínio nos seus tiques de poder absoluto”, avisa o vice-presidente do PSD, Paulo Rangel, numa reação ao “caso” Sérgio Figueiredo.
Paulo Rangel também acusa o primeiro-ministro e o ministro da Administração Interna de “não estarem a dar uma resposta à altura” ao problema dos incêndios.
O dirigente social-democrata iniciou a sua declaração, esta quarta-feira, com uma reação à polémica em torno da contratação e posterior renúncia de Sérgio Figueiredo para consultor do Ministério das Finanças.
Paulo Rangel considera que o primeiro-ministro, António Costa, também deve explicações ao país, neste caso.
"O PS que se desengane porque o PSD não vai nunca deixar de escrutinar a atividade do Governo. O Governo não vai ficar sem escrutínio nos seus tiques de poder absoluto", declarou o vice-presidente do PSD.
Paulo Rangel também criticou o Governo numa altura em que a Serra da Estrela arde há 12 dias consecutivos.
"Sabemos que este é um tema delicado, mas o PSD está particularmente à vontade. O presidente do partido, no dia seguinte à sua tomada de posse, o seu primeiro ato foi visitar Pedrógão e falar sobre a época de fogos, justamente para prevenir o que poderia acontecer e que infelizmente está a acontecer", frisou o "vice" de Luís Montenegro.
O PSD critica "atitude pública do primeiro-ministro e do ministro da Administração Interna que, basicamente, sempre que são perguntados sobre esta matéria falam de fazer estudos ou então remetem para a ciência".
"O problema em Portugal não é a ciência nem os estudos, mas alguém tem de dizer ao ministro da Administração Interna que ele é uma autoridade político e não um divulgador de ciência", atira Paulo Rangel.
O Governo e o ministro José Luís Carneiro devem "assumir as suas responsabilidades", sublinha.
"Se o PS está no Governo desde 2016 e passou pelo transe histórico de 2017, como é possível dizer agora que as medidas para combate e prevenção de incêndios serão detalhadas depois de se fazer um estudo sobre o incêndio da Serra da Estrela. Parece até que não aconteceu nada nos últimos anos", afirma o vice-presidente do PSD.
Portugal é o pais da UE com maior percentagem de área ardida, neste momento, e "nós temos um problema político e o Governo de António Costa e do PS, o ministro da Administração Interna não souberam, não sabem, não estão a dar uma resposta à altura a este problema", acusa Paulo Rangel.
O dirigente social-democrata considera que essa falta de resposta é "claríssima" em dois aspetos: os "problemas" no sistema de comunicações de emergência SIRESP e o "mecanismo europeu de Proteção Civil que não foi acionado".
"Na semana passada, no incêndio da Serra da Estrela, havia vários aviões paralisados e havia todos os motivos para ativar o mecanismo europeu de proteção civil", argumenta.
"Não podemos continuar nesta política de encolher os ombros e lavar as mãos. O Governo esteve inativo nestes últimos cinco anos", afirma Paulo Rangel.